Ao fundo
Um balão que
enche, enche, enche
sobe ao céu e arrebenta:
E ao lado um pássaro voando
E ao cimo um sol de tom dourado
E ao lado o tempo vai parando
E ao fundo um rio corre apressado
E ao lado um sol alaranjando
E ao cimo um céu já bem estrelado
E ao lado um corpo já quedando
E ao fundo o teu corpo suado
O peso da Medalha
Com o cheiro da pele vívida e queimada,
Cansada pelo prazer do peso do ouro,
Caiado em cada relevo dessa austera medalha,
Sofre o tempo que se viu vencido, perdido,
Por mais uma guerra, por mais uma batalha!
Foram cruéis as épocas filtradas no esquecido,
Espaço que outrora foi por ti engolido,
Não havendo uma lancha que salvaguarda-se,
Corações verdes e com um ar ainda florido,
Do sangue escorregado, perdido na esperança…
Ainda tem talhada a frase da sua vida,
Resumida na criança, que brinca na lembrança,
Que existe bem guardada nessa membrana despedida,
Que outrora curou suas chagas na dança,
De uma alegria, de uma confiança!
Como grita o véu outrora despido!
Arrancado por um Amor desnutrido de Ti,
Carapaça que alberga um mistério, desmedido,
Um corpo, um ânimo que encadeia com a luz, o brilho!
Que carrega o mérito merecido…
Ainda sinto o peso da medalha,
Que na pele arde! Na pele de vidro,
Condecorada por uma vida, uma batalha…
Marlene
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A pele que nos veste, que nos acompanha toda a vida... Guarda nela todas as marcas, traçadas, medidas, vividas!
ABraços e Felicidades.
DOCE LOUCURA
Pintura do artista Leonid Afremov
Vertem luar os teus olhos
enquanto me ama
um laço
os teus braços
a me enrodilhar a cintura
obstinado domínio
que me atrai ao teu corpo
ai...ai...que doce loucura!...
as mãos poeta deslizam absoluta
em minhas curvas úmidas
e os teus lábios
lavram-me na pele em chamas
um verso libertário
tatuagem lúbrica...
simbiose fálica anuncia o gozo
que se avizinha
as salivas trocadas
poção de Eros é mel
nessa tua boca que desfolha
a minha...
Maria Lucia (Centelha Luminosa)
Só o corpo...
Neste corpo que já não habito,
Que outros usam como se fosse o limbo,
Vivo como ar apenas me limito,
A observar, a enquadrar,
Pobres espíritos deixo entrar,
Para que me possa libertar,
A minha alma se espalhar… para outro lugar.
Neste corpo que empresto,
Que não falo, apenas observo,
Sou apenas mais uma que faz parte do manifesto,
Que na escravidão da vida me arrasto e conservo,
Para evidenciar, aclamar o meu resto…
Não tenho palavras, só almas… Um gesto!
Neste corpo vendido,
Dei o que sobrou de mim ao Carrasco,
Por caminho errados deixei o espírito perdido,
Não ouve um dia que fosse colorido,
Atirei-me dentro de mim para um penhasco,
Vendi o meu espírito por sentir tanto asco…
Neste corpo outrora meu,
Tudo o que escrevo apareceu,
Contado por outros que me recordaram,
O que vivenciaram, que sentimentos já passaram,
Pois nada disto aqui sou eu,
Apenas passei por mim e apanhei o que se perdeu…
Mas neste corpo em que vivi,
Um dia eu te vi e te conheci,
Mas ao falares e ao leres o que escrevi,
Lembra-te que não sou eu que estou para aqui!
Marlene ( Ghost)
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"Sua melhor prenda"
"Sua melhor prenda" - Soneto
Quero, do teu pampa ser a melhor prenda.
Vivendo esses momentos pressentidos.
Sorrateira, tomar teu corpo, como um templo.
Roubar com toque de malicia teus sentidos.
Deixar teu corpo, fazer do meu, o seu cais.
Enquanto a lua ejacula brilho e esplendor
Cena rara que enquadro na memória
Emoldurando também raro e puro amor
Quero batendo manso e extasiado o coração
Flor, perfumando e viçando meu jardim.
Quero essa certeza etérea, porem palpável.
De desvendar tuas magias, teus mistérios.
Quero meus pés, passos firmes na tua estrada...
E renovando a vida, quero o sonho viável.
Glória Salles
“O agridoce da vida” - Soneto
“O agridoce da vida” - Soneto
Indo e atravessando despovoados sítios
Mergulho corpo e alma em pélago profundo
Enganando o tempo, quebrando os ritos
Na retina congeladas, cenas do meu mundo
Neste silêncio, caminhos particulares refeitos
Ardentemente aguardo o desfecho inusitado
Desmistificando as noites, sorvendo os efeitos
Na boca o gosto agridoce do veneno derramado
Corpo estático, desejo de ressuscitar alvoradas
Despindo-me de esperas, deixo a vida acontecer
As intempéries experimento, deixo-me sobreviver
Invadindo o futuro de manhãs desabitadas...
Sensibilidade acuada a condição do momento
Aparentemente estéril, ainda que em movimento.
Glória Salles
14 dezembro 2008
18:27hrs
"Ainda somos nós"
Transformo-me em tantas pra estancar a sangria.
Dos versos soturnos, palavras por vezes pesadas.
Porém delas colho o sêmen que germina a poesia.
E sutilmente sentidas, no coração são geradas.
Nos meus olhos o sonho sempre esteve bem vivo.
E sempre declarou o poema do amor que te tenho.
Em silencio o canto na cama, inda espera passivo.
O corpo que conhece, da minha anatomia o desenho.
Se não pode haver entrega, corpos suados, varanda.
Se onde o fogo crepitava, hoje é silencio profundo.
Amemo-nos na poesia, amor mais puro do mundo.
Teu poema falou, seu coração, o amor comanda.
E saiba, naquela varanda, toda vez que vir a lua.
Sentirá meu perfume, saberá que ainda sou tua.
Glória Salles
No meu cantinho...
Piano Em Mim
Piano Em Mim
by Betha M. Costa
Ao tatear minhas notas conhecidas,
Verso e reverso fazes-me música,
Elevam-me os sussurros aos céus,
Extasiada com melodias diferentes,
Que compões no meu corpo piano.
Acaso do destino em estímulo,
Trocamos pedais em embaraço,
Traçamos lindas canções sensuais,
Que rompido o silêncio do desejo,
Ouço você tocar e cantar em mim...
Imagem do Google
Simplesmente sonho-te
Sonho-te neste meu corpo perdido
nas flores que florescem no eco dos ventos
nas cordas vibrantes que lentamente
fazem gemer o fado proscrito
Sonho-te no amanhecer gotejante e cinzento
que cobre a doce alvura do sol nascente
da primavera que ainda não se advinha
na distancia invernal da lua crescente
Sonho-te na inquietude da noite fria
onde os lençóis cobrem o calor agitado
da delirante fantasia do corpo adormecido
onde a plenitude do brilho do meu olhar
perde-se no infinito poderoso
de te sentir pertinho de mim
num tempo afim
Sonho-te simplesmente
na certeza de te querer sonhar
Escrito a 22/12/09
“Nosso prazer”
Para alem deste mar que agora vejo
Mergulho na imensidão deste abraço
Propondo farta emoção, já antevejo
Beber a luz desta paz no teu regaço
E quando a noite chega distraída
Vasculha meu corpo, marés de desejo
Remenda os retalhos de saudade puída
Navega faceiro prevendo lampejo
Confundem-se pernas, louca magia
Arrasta-me num incêndio, esta alquimia
Quando somos unos, momento perfeito
Ganha campo entre lençóis, um estopim
Espreitando emoções, derrama em mim
Todo o prazer, que é nosso por direito.
Glória Salles
No meu cantinho...