Flor nascida na terra
FLOR NASCIDA NA TERRA
Sou flor nascida na terra calada
Trago em mim o orvalho da madrugada
E um Sonho que em mim aflora
Latente vibrando a cada hora.
Mesmo por atalhos estou de chegada
O dia desmaia, e eu, de tanta jornada.
A brisa trouxe comigo!
Também a saudade doída.
Trago tudo dentro do peito,
Tudo o que é meu por direito
É tarde já surge a fadiga.
Não há motivo que apague
Lembranças da minha memória
Nem que no olhar se alague
Páginas da minha história.
Nasci longe do progresso
No seio de gente boa de coração
Um dia estarei de regresso!
E que os pássaros não me estranhem,não?!
Porque eu sou a mesma de então.
Nasci cheirando a terra molhada
De madressilvas perfumada
Bebi das fontes, àgua clara
Me senti uma criança rara.
O Mundo já era Mundo
Chego por fim!
Alguém me estendeu os braços
E num desejo bem profundo
Minha terra, tu me acolhias a mim.
Deixei teu cheiro a rosmaninho
TERRA que hei-de sempre amar!
Ao regressar vou encontrar o caminho
É no teu chão que quero descansar.
Rosafogo
Não há TERRA como a nossa!
LAPAS é a minha.
LAMENTOS DE POETA
LAMENTOS DE POETA
Trazia as mãos pejadas de sonhos
Os sonhos repletos de promessas
Endoidecidos os dias, tão risonhos
Numa solicitude pedindo meças.
Mas os passos tornam-se pesados
As gargalhadas vão ficando apertadas
Ao desespero enlaçadas
Assim mirram os sonhos desgrenhados.
E a vida se fecha sem aviso
Marcada p'la nostalgia
Vincadas as rugas, é preciso
tolerá-las dia após dia.
Pensamentos em desalinho
Já não guardam segredo
Não sabem nada do caminho
Mas vão-no seguindo a medo.
Não me falem com palavras piedosas
Nem me digam só o que me convém
Prefiro engolir palavras audaciosas
Digam...digam que não sou ninguém!
Deixem-me partir cansada
Deixem que me vá embora
Com o rosto em pranto calada
Deixem-me no meu refúgio por agora.
Trago as mãos inábeis como ventos
Cruzo os braços e medito, a sós!
Ouço Cânticos de Poeta, lamentos
Que são rios que me correm na voz.
rosafogo
natalia nuno
O Caminho da ponderação!
O Caminho da ponderação!
Quantas vezes nos questionamos, e nos debilitamos face a tantas circunstâncias que nos tiram a confiança, e abalroam sonhos e projetos.
Fazem-nos quase desistir até das pessoas.
Só que na verdade, ao ponderarmos, chegamos ao fundo da questão, é preciso muita coragem para o caminho, mudança de atitude e firmeza para prosseguir.
Prosseguir é sentir os passos firmes, não vacilar e progredir, face a toda e qualquer circunstância.
Sentir o descontentamento e o desapontamento face ás circunstâncias e às pessoas, leva-nos a silenciar e a afastar-nos, para ouvir a voz do Espírito Santo.
Meditar sobre o assunto com clarividência, despindo-nos da permissividade e abraçando cada causa com verdade.
Buscar a razão com sabedoria, como se busca Deus, como se busca o céu, como quando se faz uma oração, e se é abençoado.
Agarrar-se a tudo o que é edificante, fazer escolhas, acertar os ponteiros com as coordenadas de Deus e deixar-se ir, deixar fluir!
Quando a nossa forma de pensar nos leva por atalhos e nos rouba os caminhos está na hora de simplificar, de abrandar, de nos posicionarmos e escutarmos a voz de Deus.
Quando o Espírito Santo nos leva a fazer uma análise aprofundada para que venhamos a entender qual a atitude a tomar, ficamos silenciosos e a paz desce como uma cascata ensurdecedora, porque deixamos de escutar todos os ruídos ao nosso redor para escutarmos a voz de Deus, que nos mostra o caminho!
(Alice Vaz de Barros)
o rumor das palavras
nos traços do meu caminho
a névoa permanece,
cada vez com mais intensidade
reviver o vivido dói
cresce pela manhã a saudade
e pela última luz da tarde tocada
já o sol se foi!
sei que a vida é fugaz pressentimento
da morte, do lamento, e do nada
há sentimentos intemporais
mas o tempo corrompe a esperança
sigo errante, chora demais
em mim a criança.
sinto bater o frio
enquanto semeio palavras
e a noite avança!
meu corpo envelhecido
esquece os golpes do cansaço
não quer quebrar, decidido!
compreende quanta luta inútil
quanto passo,
quanta aceitação,
felizmente ainda me devolve
o sonho, a quebrar a solidão.
natalia nuno
"Tudo muda"
O que me apavora,
não é o desvario que é içado
por minha fantasia.
Mas a incompletude
desta trama.
Amedronta-me a confiança inerte,
que mancha de fastio
o dia seguinte,
por conta do arrebatador que
se ausenta no que é previsto.
Não temo a vida
e os seus montantes fartos.
Mas o cuidado excessivo
com o pormenor que permite
a sentença negada!
Não me intimida o delírio
que sugestiona a escolta do insólito.
Insosso o trajeto delineado,
os passos seguros,
por caminhos alinhados.
Roubando a cor do prisma
Com prévia decorrência.
Escolho o inusitado risco das curvas.
No minuto seguinte...
Na primeira curva...
Tudo pode mudar.
Glória Salles
22 junho 2004
02h35min
No meu cantinho...
Jeito de ver
Tenho arestas
quem não as tem?
(Tenho um olho na testa
que vê além)
E assim sigo a vida
perseguindo
quimera perdida
de visão
(inverossímel)
vida que é vivida
Em tudo que me é impossível.
E sigo assim
vivendo a vida
além...
(as vezes aquém)
de mim, rumando ao fim.
Nessas calhas de roda
que vivemos sem razão
esmagando os dias
vivendo as noites
em lúbrica ilusão.
Porque?
Porque sim!
(e porque não?)
Que caminho? Qual direção? ...
Que caminho?
Qual direção? ...
Pensei: Caminhei, os passos lentos!
Ponderei, conversei com meus botões...
Tudo, tudo num silêncio profundo
Ali – frente ao mar permaneci solitário.
Ao som das águas, forte marulhar
Ora emergia ora submergia ...
Deus quanta agonia junto ao olor da maresia
Muito longe avistei uma gaivota tão solitária
Senti-me como ela que planava alçava voo
Mas, sem direção qual decisão - itinerário?
Assentei-me na areia e pus-me a escrever
Nessa hora lembrei-me do SENHOR Jesus
Quando escrevia com o dedo na areia:
Quem não tiver pecado...???
Foi como se eu estivesse despertado de um sonho
Abri os olhos, sorri meu sorriso contemplei tudo
De belo ao meu redor, e continuei a escrever...
Dessa vez: Jesus eu te amo! Obrigado, Jesus!
Levantei-me, respirei fundo e corri de baraços abertos
Rodopiei ao vento, abracei o vento, cantei,
Cantei como nunca havia cantado e em cada verso
Encontrei o caminho, a direção...
25/1/2017
Mary Jun,
Barreiros,Pe
Às 17:05
Tanto passado
Tenho tanto
De passado...e
Nada de futuro
Tanto caminho
Andado....e
Na minha frente
Um muro
indiferença
é no silêncio da tarde
que envelheço, eu e meu dia
enterramo-nos nas sombras
e penso que na verdade
não sei quem me amou
nem sei se amei a quem devia
tudo deixo para trás
com um sabor nostálgico
final de viagem, em paz.
caminho que já não oferece
qualquer regresso
nem envolve qualquer esperança,
e o amor é perdida luz,
permaneço nesta letargia
desde quando as estrelas dormem
até à luz intensa do meio dia.
e é na tarde que meus dedos
adormecem, e esquecem
os anos vazios
e a cruel saudade
com cinzenta indiferença,
e da vida a profunda paixão
vai-se apagando dentro do coração
o vento o golpeou
e a solidão neste estado o deixou
com a nostalgia daquele que já
nada possui.
natalia nuno
se amor houvesse
se amor houvesse, bastar-me-ia isto para desaprender o meu caminho, para vagar da praça mauá à cinelândia sem direcção, quieto e calado, pequeno, leve, para me perder nas curvas e becos da cidade nua, para que me diluísse na multidão? seria suficiente para tocar os teus cabelos, para guiar os meus dedos por sob a tua saia até o teu húmido reduto, para desejar ouvir de ti um gemido? se amor houvesse, bastar-me-ia isto para admirar o céu do aterro, insano e vasto, amplo, alto, para criar asas que me levariam até ao sol repetindo o voo de ícaro? bastar-me-ia que nos encontrássemos num horizonte de eventos, que a tua respiração se fundisse à minha, que eu tornasse a crer em sonhos? se amor houvesse será que tu entenderias que por tua causa desaprendi o caminho, por tua causa vagueei sem direcção, por tua causa perdi-me, por tua causa parei para olhar o céu, por tua causa tornei a sonhar?
POema do livro Crónicas do Amor Impossível, Ed. Perse. à venda em http://sergioprof.wordpress.com
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