Nada De Nós
Odeio o lado vazio da cama onde me deito. Durmo de braços atados para que não transponham os limites do encaixe silencioso que o meu corpo moldou no colchão. Preciso de tréguas da dor da tua ausência que envenena cada inspirar expirado.
Porém, mal adormeço, o meu coração implora aos braços que se estiquem e te procurem na infinitude do vazio, na esperança inútil de te sentir. Acordo cada dia com o sabor caústico da saudade no peito e os braços debulhados em lágrimas. Nesse árido instante a realidade castra-me os sentidos. Não há mais beijos. Não há mais sorrisos suados. Não há mais frémitos de emoções, nem palavras exaladas em murmúrios. Nada de nós.
A inútil existência de mim remeteu-me a um vácuo mórbido que dilata a cada hora que passo sem ti.
E o vazio do outro lado da cama olha-me pétreo e inabalável.
Beijo Absoluto
Suspiro-te num beijo quente
Que me envolve a alma
E me entontece e inquieta
Em verbos apetecidos
Sugados nos teus lábios
Que profano imprudente.
Quero-te na alucinação
Que m' embala e m' estremece,
Num rasgar da alma muda
Que desabotoas devagar
E me descobres
Sentada na penumbra
Do teu ser.
Confio-me a ti e rendo-me
Já inconsciente pelo anseio
Deste desejo que me toma
Pelo teu beijo supremo.
"Fome de você"
"Fome de você"
O meu corpo te espera, boca pedindo a tua
Te olho, provoco, quero tua alucinação
Teus olhos dizem "sim", quero sua loucura
Os delírios de teu prazer, sob teu corpo estão.
Olhando-me com fome cego, e quente...
Desafogando as vontades e minhas fantasias
Faz de mim sua loucura, dá todo teu êxtase.
Porque agora, minhas vontades são tuas...
Então mergulha teu corpo, mata nosso desejo.
Invade meu corpo febril, úmido e já desnudo.
Quero tua boca, a saliva, a textura do beijo.
Gestos ousados, atrevidos, nos deixando mudos.
Cada parte de mim, mostra que te cobiça.
Quer te ver alucinado, perdido de prazer.
Nas ondas das minhas curvas, tua delicia.
E nua nos meus lençóis, vem, quero te ter.
Corpos nus se entranhando, loucos, se tocando.
Movem-se cadenciados, desvendando cada trilho.
Bocas enlouquecidas, mãos, pernas se enroscando.
Sangue fervendo nas veias, prazer em estribilho.
Despudorada e louca, dou-me só pra você moço...
Olhando nos teus olhos, enquanto te sinto em mim
E alucinada,insana,contorcendo em gemidos te ouço.
Vem agora moça que eu amo, vem... Explode em mim.
Glória Salles
Dia das mães
Hoje é o dia das mães
Hoje é o dia das mães?
Coloque a mesa
Divida os pães.
Cante uma seresta
Ofereça o seu olhar para ela
Caminhe na paralela
Que festa é esta?
A onde foram todos
Se chegue beije-lhe a testa
Para onde foram
Que festa é esta?
Todo dia é o dia
Do Pai do Filho, da Mãe
Coloque a mesa
Divida os pães.
Nereida
Á todas as mães do planeta
O presente maior é a sua presença.
"Porque não??" - Soneto
"Porque não??" - Soneto
Percorro o indicador, contorno teu semblante
Decoro cada ponto, caminhos a desbravar
Vejo nos traços linhas de uma historia errante
Imperceptíveis marcas, um cansado caminhar
Então nos teus versos vou procurar a essência
Verdades implícitas, nas entrelinhas escondidas
Espio entre elas, nas brechas da tua vivência
Bebo as tuas lágrimas, te sigo nas ruas perdidas
Olho teu rosto tão serio, dentro de mim te emolduro
Os ecos das minhas palavras tento entender, me torturo
Isso que nem sei o nome, sem que eu queira, me tomando
Nossos versos se casam, me chama pro teu peito
Sem ser de outro jeito, vou, me despindo e te olhando
Beijo teu rosto na tela, e vou pra cama sonhando.
Gloria Salles
30 outubro 2008
21h29min
“Vulnerável” - Soneto
“Vulnerável” - Soneto
Quando o vejo assim, cartas na mesa, aberto.
Querendo seus aromas, fazer-me conhecer...
Então nossos segredos mais doces, diluo.
De um jeito Inconfessável tomas o meu ser
E as paredes são agora, nossas confidentes.
Insano momento esse, entre suspiros e olhares
Quando com precisão me segura pela cintura
Ponho-me vulnerável, e deixo tudo acontecer
Beija-me outra vez, e outra... Quase imploro
Mágica aliança, norte, nesse deserto que vejo
E frágil assim, sou emoção, loucura, desejo...
Languida e atrevida, o meio termo ignoro
Somos um quando se apossa de mim, atados
Pelo amor que nos faz, umbilicalmente ligados.
Glória Salles
LÁBIOS QUE NÃO BEIJEI... Elen de Moraes Kochman
Lábios que não beijei
Elen de Moraes Kochman
Teus beijos, que o sabor nunca provei,
Teu corpo, que jamais acariciei,
Hoje povoam minha fantasia.
Tudo que não tenho... o que mais queria!
Utópico prazer, fora da lei.
Falar-te do meu amor... nunca ousei.
Tão belos sonhos que não realizei...
Tanto te quis dizer quanto queria
Teus lábios nos meus... minha fantasia!
São minha alucinação de hoje em dia
As tuas mãos em mim - doce agonia! –
A arrepiar meus pelos, mas bem sei
Que essa emoção jamais sentirei!
Cismo-me em teus braços ... e à revelia,
Beijo teus lábios...minha fantasia!
“Enganei-me” – Soneto
“Enganei-me” – Soneto
Enganei-me ao pensar que o meu Norte
Aquele que procurava estava em seus braços
Que os sentidos estavam sob o jugo do teu beijo
Enganei-me ao delirar dentro do teu abraço
Tua presença, ondas revoltosas de um mar bravio
Ao meu desabrigo não trouxe proteção e segurança
Nessas ondas levou desejos e sonhos, um desvario
E os olhos penitentes, perderam-se em desesperança
Ainda assim, meu coração moleque vadio passeia
E de beijos armada, minha alma ainda alimenta
O sabor da boca, o toque das mãos, minha tormenta.
A essa intuição dou caldo,e aí seu perfume permeia
Meus labirintos, meus cantos,e meu olhar tristonho
Ainda busca dizeres, como quem acorda de um sonho.
Glória Salles
Beijo
Não sei se o desejo
Nasce do amor
Ou se é o amor que
Nasce do desejo.
Sei que no início
Existe sempre
O beijo.
“Mergulhar sem medo”
Nas avenidas dos meus versos um desfile ameno
De palavras sutis camufladas em sinistra apatia
Que despretensiosas transportam doses de veneno
Impregnando os breves instantes de fé e alegria
Juro... Quero os medos deixados num canto qualquer
O som dos nossos risos nos cômodos do coração
O se ao ouvido o som da sua voz diz: Minha mulher
Mergulho sem temor, ainda que precoce relação.
Quero teus gestos febris e insanos, me tirando o chão.
Flutuar, ao sabor do seu beijo que provoca loucura.
Permitir-me os riscos que envolvem essa paixão...
Deleitar-me no calor do teu peito, que é só ternura.
Seguir leve absorvendo esse sentimento inusitado
Gravar nossa historia, nesse olhar compartilhado.
Glória Salles
-Registro na Biblioteca Nacional
-Ministério da Cultura
-E.D.A. —
No meu cantinho...