Poemas, frases e mensagens sobre arte

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares sobre arte

O maior inimigo das artes

 
A arte, qualquer que seja, é incompatível com a pressa. Os nossos tempos elegeram o maior inimigo das artes, a velocidade, como vector determinante, de tal modo que o que quer que seja que não seja veloz, passa ao lado, passe a expressão, não merece que se "perca" tempo. É assim, mormente, desde que o tempo passou a significar, ou a ser considerado, e não apenas a valer, materialmente, dinheiro "Time is money".
Até o pensamento, se não for rápido, que fosse. Ninguém espera por um pensamento ou uma ideia. Tudo tem de estar preparado e embalado. Pré-fabricado.
Com o tempo dinheiro, também o espaço sofreu uma incrível contracção.
Mas tudo se agravou mais para as artes e as contemplações.
E para as plantas, que parece que não crescem e não podem voar, senão quando um vendaval as arranca e as transporta para algum chão em que, por sorte, criem raízes.
Uma vida já não se mede em dias, meses ou anos, mas em quantidade de moeda equivalente ao tempo "gasto" para a sustentar, que é considerado "perdido" se não der retorno.
E é assim tanto com a vida dos bichos, como com a vida das pessoas.
Criar riqueza hoje tem um significado muito retorcido. Um incendiário pode ser um criador de riqueza. E um consumidor de combustíveis também, assim como um vírus mortífero.
 
O maior inimigo das artes

ARTE OU...

 
ARTE OU...

Arte de pó,
serralha,
limalha

Arte de fio,
pavio,
navalha

Arte
que brilha
que achincalha

Arte
que se auto-elogia
que se ralha

Arte
que se diminui
que se espalha

Arte nobre
arte gentalha
que facilita
que atrapalha

Arte
eterna
fogo de palha

Arte que
organiza
embaralha

Arte
altruísta
canalha

Arte
acertada
falha

Arte que
se encaixa
que mal calha
que cura, flecha
que metralha...

Arte no
horizonte
na muralha
no céu
na escumalha

Arte que se
liquefaz...
que encalha...

Arte
Pura. Falsa.
(Ou o que equivalha)

Arte
Eu não sei o que é
(Ou o que a talha)
 
ARTE OU...

Hoje não foi um dia perfeito

 
Nunca acreditei nisso de dia perfeito, ou algo parecido. Mas hoje pensei, que me lembre, pela primeira vez, que não foi um dia perfeito.

Os meus pensamentos costumam ser triviais e práticos. Pensar, para mim, a quem todos agradecem sinceramente que não emita opiniões, só faz sentido se for para emitir opiniões dos outros ou para ter pensamentos úteis.
O que eu penso é inútil a partir do momento em que não resolve ou não ajuda a resolver um problema prático. Por exemplo, o que estou agora a pensar não é inútil porque ajuda a resolver o problema prático de saber porque é que hoje não foi um dia perfeito.
Mas como o dia ainda está a decorrer, mesmo assim, pode vir a ser inútil pensar nisso, se porventura, a última minha conclusão do dia for que hoje foi um dia perfeito.

De qualquer modo, é irrelevante qualquer conclusão que eu tire sobre isso, porque o dia não é perfeito ou imperfeito por eu o pensar ou concluir. O dia é o que é e pronto.
A questão da perfeição/imperfeição do dia não se coloca. Mas eu coloquei-a. Mas ainda não sei se é uma questão que tenha para mim um sentido qualquer, mais do que uma questão prática.

Hoje, o meu editor Sancho disse-me que já lhe têm pago muito dinheiro para não dizer nada, para não escrever nada e que ele próprio já tem publicado muitas coisas que nada dizem sendo estas as melhores. Eu comecei por rir por achar as suas palavras jocosas, mas ele permaneceu sério e reforçou a ideia de que isso pode ser uma forma superior de arte. Aqui, até eu retomei um ar de seriedade.
Valeria a pena pensar no assunto? Seria prático e útil? Sancho deu-me logo a resposta sem adivinhar o meu pensamento e sem eu sequer a ter pedido.
O meu trabalho mais importante, disse ele, não é decidir o que vou dizer, mas o que não vou dizer. E se nada disser, por exemplo, quando a minha opinião pode causar mossa ou um prejuízo, isso pode ter muito valor, dependendo das situações. Se disser, ou escrever algo, posso receber ainda mais se, mesmo assim, não disser nada que possa causar mossa ou prejuízo, vulgo falar sem dizer nada, sobre assuntos importantes.
Ora, o melhor de tudo, o que vale mesmo a pena, é publicar textos que fazem sentido e que nada dizem, sendo esta sua característica a qualidade que interessa, que os torna, não raro, primorosas obras de ciência, filosofia, religião, arte… E se o autor tiver o talento, o discernimento e a verve necessários para persuadir o leitor de que, não obstante o sentido que tudo faz e a consistência que tudo tem no seu trabalho e na sua argumentação, tudo não passa de uma ilusão, então está garantido que atingirá o maior sucesso no que à reputação de autor respeita.
Eu estava ainda a pensar nas primeiras palavras e já o Sancho concluía que produzir uma obra de pensamento que não seja um embuste, ainda que involuntário, implica que ela seja capaz de se esvaziar de si mesma, ser e não ser ao mesmo tempo.

O lado prático e útil, talvez muito útil destes pensamentos é que não alteraram os dígitos da minha conta bancária e o mundo continuou a girar como é costume.

É preciso muito trabalho para que as coisas não mudem. Para elas mudarem pode ser muito fácil, basta não fazer nada.
 
Hoje não foi um dia perfeito

A Vida é Arte

 
A Vida é Arte
 
A vida é Arte

A vida é Arte, Arte em movimento!
Artistas de peças únicas, de solos;
pintores de telas cotidianas, insanas;
escultores de personalidades, vaidades.

Músicos poetas, sem nenhuma rima;
alguns poetas rimados, desconsolados;
escritores efêmeros, com muitos medos;
artesãos calados, seus corpos suados.

Sentamos no picadeiro da vida,
escondidos na coxia de uma rima;
vez ou outra chamados ao palco,
subjugados a vaias ou aplausos.

O esboço do futuro... Nosso presente!
Tem as cores escolhidas ou ausentes,
movimento da arte na seqüência da vida,
rabisco e argila, obra de arte atrevida.
 
A Vida é Arte

VANIA!

 
Pingar um colírio na boca
Degustar o arrepio da alma
Passear na transgressão
Beijar o aroma doce
Viajar o filme da vida
Travesseiros macios de penas
Mergulhar nas alegorias do pensamento
Preencher à solidão de sensação
Ver o simbolismo concreto do sol
Rezar todo dia, tua bela poesia.
Lufague

(Homenagem nossa grande poetisa Luso)
 
VANIA!

Só tu és bela

 
Só tu és bela

Eu nunca fui senhor de nada
Olhei sempre as coisas
Como a alegria ou a tristeza
Dobra a alma de um escravo

Às vezes andei por onde gostaria
E aprendi que há quem aprenda a gostar
Eu não
Não saberia falar de coisa nenhuma
Porque o canto das aves
É a minha obsessão pelas virtudes
Saber que não morrerei delas
Mas da arte
Que falta sempre na vida
Como nas obras
-----------------
De arte

Só tu és bela para sempre
Despindo-te da vaidade
Aos abismos do meu desejo
Como um espelho irresistível
Te rouba o corpo.
 
Só tu és bela

SÓ A VIDA ABSOLUTA CAMINHA PARA A ARTE ABSOLUTA

 
SÓ A VIDA ABSOLUTA CAMINHA PARA A ARTE ABSOLUTA

Ao preço de uma vida burguesa
Sua poesia andava
Sempre a mesma

Ele rogava - em "mesmas" palavras:

- Ah... que a vida dissoluta me tome
No esplendor da sua fome
Que crie, disforme,
Em livre arte inominada e absoluta,
Aquela pira luminosa e bruta
Que consome
Meu corpo,
Minha mente
Que me calcina a sorte
Como um astro incandescente
Inflamando a semente
Da arte sem medo
Dos limites da morte...

Apelo inútil...
A cultura domesticada
Já inundava sua alma
De belíssima calma servil
 
SÓ A VIDA ABSOLUTA CAMINHA PARA A ARTE ABSOLUTA

UM POEMA, APESAR DE MIM

 
UM POEMA, APESAR DE MIM

Aguardo angustiado
Palavras virarem fumaça:
O após de após as traças

Aguardo atormentado
O ocaso da língua-carcaça:
Um poema, apesar de mim, em mim se faça
 
UM POEMA, APESAR DE MIM

Adjectivando

 
Adjectivando
 
A poesia tem mil e um rostos
É sofrida, chorona, desesperada
Mimada, briguenta, indignada
Saudosa, sentimental, nostálgica
Solidária, humana, abnegada
Carinhosa, dócil, apaixonada
Sensual, erótica, debochada
bucólica, montanhosa, marejada
inconveniente, agressiva, mau carácter
charmosa, perfumada, sofisticada
ela é um tudo feito de nada
e a alegria de a conceber

Maria Fernanda Reis Esteves
50 anos
natuural: Setúbal
 
Adjectivando

ARTE FINAL

 
ARTE FINAL

Como é gigantesco
Adônico
Panorâmico
Como é perfeito
Digno d’um Michelangelo
Como é belo
Obra d’ um arcanjo
O cogumelo atômico
Arqueando fogo laranjo
No meio do oceano agônico

Gê Muniz
 
ARTE FINAL

Pedras com alma

 
Pedras com alma
 
Acocorado na rudeza do trabalho
Mãos calejadas pelo uso da picareta
O artífice escolhe a malha
Monta o puzzle com arte
Assenta simetricamente as lajetas
Sobre as pernas dormentes

São tantos pés que pisam o seu suor
Tanto o desprezo pelo labor alheio
Frenéticos passos polindo o tapete
À vista geometricamente perfeito
Há um silêncio de pedra
Um gelo no coração
De quem passa e não percebe
A alma do mestre calceteiro

Maria Fernanda Reis Esteves
50 anos
natural: Setúbal
 
Pedras com alma

Quando a guerra acabar

 
DEPOIS QUE O CHEIRO
DE PÓLVORA DISSIPAR,
QUANDO O ÓDIO AMAINAR,
QUANDO OS CADÁVERES FOREM SEPULTADOS,
QUANDO NÃO HOUVER
MAIS LÁGRIMAS PARA VERTER,
QUANDO O VENTO ESPALHAR AS CINZAS,
CHEGAM OS ARTISTAS , OS POETAS, AQUELES QUE CONVERSAM COM AS ESTRELAS,
COM SUAS ARMAS E FEITIÇOS,
PARA QUE A REALIDADE FRIA E MAL ACABADA,
GANHE CORES E UM JEITO NOVO DE EXISTIR.
E QUE ATÉ OS ESCOMBROS ENCONTREM UM MODO DE SORRIR.

2013
 
Quando a guerra acabar

As vezes

 
 
As vezes
até renego a poesia
e toda e qualquer arte,
quase só, sigo em mim,
juntando do quebrado coração,
os pedaços que perdi
pelos caminhos,
onde tentei estar perto das belezas,
das letras, da música, do amor,
perto de ti...

Neusa Marilda

Lavienrose
 
As vezes

PUTA

 
PUTA
 
Acabei de dar
dei hoje
dei ontem
e amanhã também

Dou tudo
mas só ganha
quem sabe fazer
alma gozar

Dou muito
são muitos versos
para alimentar

E agora nasceu
mais esse poeminha
filho da puta!

Imagens do Google
 
PUTA

AMO-TE E NÃO SOU TEU AMANTE

 
Sempre que te vejo, tu sorris.
É um prazer de te ver sorrir assim
Mas tenho ciumes da Vila de Paris
Pois que tu estás num dos seus jardins.

Tenho ciumes de ver tanta gente
Para quem tu olhas e sorris também
O teu sorriso é de forma permanente
Eu o quero para mim, para mais ninguém.

Queria-te falar, te dar uma palavra
Mas não consigo, tu és distante.
Eu sei que não tenho a beleza da tua lavra
Mas eu amo-te e não sou teu amante.

Teu sorriso é um sorriso enigmático
Fixaram-te à parede de forma hedionda
Sempre com esse sorriso emblemático
Eu mesmo assim te amo, Joconde!

A. da fonseca
 
AMO-TE  E  NÃO  SOU  TEU  AMANTE

Quadras à deriva

 
Quadras à deriva
 
QUADRAS À DERIVA

Do meu rosto fugiu a côr
Dos olhos fugindo a Vida
Secam as plantas ao calor
Na mão dos anos eu perdida.

Rasga-se o corpo alma parte
Não voltará nada que tinha!
Fiquei sómente com esta arte
Que ninguém tira, que é minha!

Mas se tudo um dia mudar?!
- E a minha sorte não...!
Cantigas ainda hei-de cantar
- Com a alma e o coração.

Rompi com todos os laços
- Só quiz sair da prisão!
Sinto no peito os compassos
Aqui ninguém me deita a mão!

A mão dos anos tudo altera
À gente que por eles passa
- A mim levaram a Primavera!
- Mas não aceito a desgraça.

- À Vida não peço socorro!
- Rasgo mordaças e sigo...
- Se perder meu sonho morro!
Mas perdoar-lhe não consigo.

Trago o desespero no coração
-Dos golpes que ela me deu!
- Trago o amargo da solidão!
Poesia? Única que sobreviveu.

rosafogo
 
Quadras à deriva

Fado diferente

 
Fado diferente
 
Vou cantar pr’aqueles
que ainda acreditam
que sou diferente

Tenho a alma pura
E nesta candura
Também eu sou gente

Com este ar gingão
O fado que eu canto
É bem indigente

Veste-se de povo
é pobre e inconstante
não é de ninguém

Não vêem que o fado
me corre nas veias
É meu por direito!

Sei que este destino
Fez de mim menino
Pela vida fora

Já nasci fadista
eu sou é artista
dos sete costados

Para quem duvida
Choro na guitarra
Toda esta emoção

Quem sabe se um dia…
me vejam na rua
e me chamem fadista

Não vêem que o fado
me corre nas veias
É meu por direito!

Dedicado ao Fábio Pujol

Maria Fernanda Reis Esteves
49 anos
Natural: Setúbal
 
Fado diferente

É MEU DIA, DIA DO PATETA

 
Quando digo, dia do pateta, refiro-me a mim unicamente, a ninguém de outro. obrigado pela compreensão.

Chamem-me o que quiserem
Mas não me chamem poeta
Poeta queria ser, mas não sou
E se escrevendo aqui estou
É porque é o meu dia, dia do pateta.

Pateta, porque poesia é uma arte.
Eu tento escrever, sempre adorei
Escrevendo mal, entro em cena
Mesmo sabendo que a minha pena
É como eu, escreve como eu sei.

Mas hoje é dia mundial da poesia
Não posso ficar sem escrever.
Por isso digo, VIVA A POESIA
Mesmo se a minha mente esta vazia
De inspiração e também de saber.

A. da fonseca
 
É MEU DIA, DIA DO PATETA

te posso ter

 
faço de ti
escultura de pedra
e assim sempre
quando estás ausente
posso sentir
a tua pele
tactear
as tuas formas
extasiar-me
no calor
de teu corpo
colar meus lábios
nos teus seios
e aspirar o odor
do teu suor

de vez enquanto
com a minha mão
arranco o meu coração
coloco no teu peito
e dou-te vida

nestes breves instantes
entre um e outro bater
eu te amo e te posso ter
 
te posso ter

Pintura psicológica

 
Vou pintar, transparentemente,
O meu eu interior, com muita criação,
Com o molde que ninguém perceba a minha mente,
Cada cor selecionada por mim, poderá estar na tua imaginação.

Pego num pincel desgastado,
Molho-o, numa água tépida,
Depois embebedo-o com uma tinta qualquer,
E desenho algo com muita vida,
Como uma figura sem nexo e cada um imagina como quer.

Como amo comunicar com a tela,
Com cada traço, cada cor, com cada movimento e com cada inspiração.
Venero mesmo falar com ela,
E contar lhe todos os meus silêncios do meu coração.

Ana Carina Osório Relvas/A.C.O.R

(Poema antigo)
 
Pintura psicológica