A Última Canção *
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A Última Canção *
Hoje
Eu poderia escrever(vos)
O poema mais definitivo de todos
Neste tempo de mecanismos imprecisos
Não seria belo, o verso!
Nem musical, o ritmo!
Nem criativo, o tema!
Nem original, a forma!
Nem relevante, o conteúdo!
Seria… definitivo …
Se os corpos
Assassinassem o nome
E entregassem a outras carnalidades
A assinatura
Escrevendo sangue, suor, lágrimas, sorrisos, gritos, mutismos
Transfusões nos próximos e nos longínquos
Saudações e padecimentos vertendo energias, nervografismos!
Qual é o nome que escrevem quando respiram?
LSJ, 160720140237
* a rever
O Sol chegou e não me viu
O SOL CHEGOU E NÃO ME VIU
Os raios de sol, os primeiros
Surgiram através das vidraças.
Na horta espreitei os feijoeiros
Olhei na ribeira as verdes rabaças.
Um livro que ando a ler
Aqui caído no chão
Nas janelas?!
Brancas cortinas de algodão
Perguntas me faz a vida
e eu esquecida
não sei que responder.
Rodeia-me o ar livre
e um calor morno
Meu rosto se alegra e vive
sem ter linhas, nem contorno.
Fecho cortinas das janelas
e reparo em minhas mãos,
belas?
Já não são!
Fico-me por aqui sózinha
Entregue à meditação
Nesta vontade que é minha
De morrer neste meu chão.
Gastou-se a Vida sumiu!
Deixou-me um peso no peito
O sol chegou e nem me viu.
Trago meu tempo vazio
Sombrio a vida o tem feito.
Meus pensamentos errantes
Trago as palavras descontentes
Hesitantes, ausentes.
Quero só viver!
As janelas voltar a abrir
De júbilo estremecer.
Quando de novo o sol surgir.
À vida me quero cativa
Sentindo o sol me sinto viva.
rosafogo
Mais um dia passado na solidão e tranquilidade da aldeia, onde a paz nos poupa até o lembrar
da idade.
Luto pelo afogamento das palavras não-ditas
Escapa-me a lucidez
nesse oceano de palavras não-ditas:
rosas indomáveis querem transbordar de mim;
o superego soberano as afoga; eu choro minha perda...
Nado em luto nos vãos estreitos
entre meus pensamentos paradoxais;
preciso respirar um instante de sanidade oxigênica.
Vislumbro o céu, refúgio das estrelas;
a lua, rainha dos amantes, brilha.
Enfim um pouco de ar...
Sufoco!
Como me corrói este desejo,
Esta vontade de querer gritar,
De não conseguir mais suportar,
Sem dizer, sem contar o que vejo.
Como é que poderei alentar,
Ao participar neste cortejo,
Vestir-me de palhaço, parar,
Não ouço mais risos, não gracejo.
Como podes meu sangue despejar,
Corpo indigno, eu te antevejo,
Pairo, fico sem o bafo entrar!
Pescoço esguio, ar almejo!
Já não há soprar, para me poupar,
Um simples sufocar que traquejo...
Ghost
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Os Quatro Elementos(Inédito)
Os Quatro Elementos
Sou um temporal que não escolhe tempos nem marés…
Descarrego a minha força sobre rochedos…
Não aceito compromissos nem perdões…
Venho para questionar…
Não quero ouvir o que o homem tem p`ra me dizer…
Vou esperar o tempo necessário…
Partirei tão destro quanto cheguei…
Não deixarei saudades…
Sou o Fogo que queima...
Não lamentarei a minha vida…
Sou a Água que transborda das margens...
Não lamentarei a minha morte…
Sou o Ar que desencadeia as tempestades.
Não lamentarei o tempo perdido…
Sou a Terra profanada...
Não lamentarei o sucedido…
Não nasci para perder…
Livros?
Não vos quero ler…
O que me serve de farol é o arco-íris nas tardes chuvosas.
Neno
Duas lágrimas
Horas mortas das noites vazias,
do rosto de olhos frios,
desapareceram os sorrisos
e todas as alegrias.
Tudo fugiu e se foi,
tão rápido como a fumaça
do cigarro que queima.
Está chovendo lá fora
e o ar que eu respiro
está poluído com a fumaça,
com os sonhos desfeitos em prantos.
É madrugada agora.
Na noite vazia a triste,
nas horas mortas absortas,
nos olhos tão frios,
brilham duas lágrimas
que rolam pelas faces hirtas
e céleres perdem-se no chão.
Simples haicais
Simples haicais
Izaura N. Soares
Bravíssimo ar
Fumaça espalhada
Pulmões fechados.
Chuva escassa
Tempo nublado sem sol
Compromete o ar.
Sonho vazio
Liberdade em conflito
Esperança nula.
Inverno seco
Vento assobiando
Pássaro triste.
Nasceu o verso
Sonhando com o amor
Surgiu um poema.
Tapete no chão
As pétalas caíram
Outono chegou.
Anda sozinho
Cavalheiro solitário
Avenida sem fim
Hoje só quero amar.
Sei lá o que...
Não quero ler pensamentos.
Nem vasculhar, mentes,vidas.
Sei lá o que...
O que quero mesmo...
É chegar perto de você.
Não almejo ser seu tudo.
Seria completamente absurdo.
Quero oferecer minha amizade.
Minha solidariedade.
E também o meu calor.
Posso também oferecer o meu amor.
E se tudo isso, ainda for pouco.
Invente você uma outra maneira.
Mesmo para falar besteira .
Jogar conversa no ar.
Pare de questionar.
Pois hoje, eu só quero amar.
Bendito o teu olhar
Bendito o teu olhar
Que fulge
Sobre tudo o que há escrito
Tens um ar
Bendito
Atrevo-me a pensar
Volupto
Mas não o tenho dito
Porque me tremem
Os lábios
Quando te fito
Não posso dizer
Simplesmente
Vem
É o que sinto
O mundo não está preparado
Para a felicidade
Continuarei a pensar
Em marcar um encontro contigo
À entrada do paraíso.
FORA DO AR
FORA DO AR
Se houver algo relevante
Assim, um elefante
Um nobre infante
Um diligente rei
Me pronunciarei
Por ora
Ando fora do ar...
Nesse ar de rua afora
Que a calçada me outorga
Me degringola
Me cora o rosto...
(suspiro)
Voltarei de ar reposto?
Gê Muniz