NOITES SOMBRIAS
Em noites sombrias surgem, com o barulho do vento, sinuosas imagens.
No alto do poste, calada, com seu olhar observador, está a coruja postada.
Observa a noite fria e quieta.
Surgem no meio da noite vaga-lumes que com sua luz, brilha pontos na escuridão.
Brilho esse que dá o charme na beleza da natureza.
É noite do Halloween, bruxas belas e feias invadem ruas
e fazem brincadeiras
que assustam mas não faz mal nenhum.
Nos trás alegrias e contagiam.
Chega madrugada, hora de dormir,
deixar as bruxas com suas vassouras
voarem em direção ao seu infinito habitar...
Depois de uma noite escaldante de medos e vertigens
Sonhar com anjos me faz ter sono tranquilo
Outro dia, outra história renasce
mais uma vez tudo não passou de um sonho
De mais uma noite sombria
Anjo da cabala
Sou o surdo eco de mim mesma
Repito em voz alta as dúvidas
Que me assolam e perturbam
E as respostas são a consciência
O castigo intrínseco que carrego
Quero ver-me livre deste karma
Chamar-lhe sina, suavizá-lo
Dizer apenas que o mereço
Mas, isso é dar-me muita importância
E... nem mais essa certeza eu tenho
Talvez o céu me devolva a alma
Que a terra teima em esconder
Me transforme em anjo da cabala
Desejo secreto que acalento
E me persegue a tempo inteiro
Maria Fernanda Reis Esteves
50 anos
natural: Setúbal
Anjo
Acabava perdendo a visão.
Sua imagem a mim, um borrão.
Que escuridão!
Andarei a tato.
A reconhecerei no toque.
Cante-me. Vibrará o mundo.
Só assim chegarei a ti.
A ideia do esquecimento.
A ausência da sua linguagem.
Diga-me ou confie-me um segredo.
Escreva em mim, como uma carta.
Uma carta endereçada ao seu coração.
DEIXE-ME AS ROSAS
Ó Anjo da Musa humana:
Tiraste de mim, a alegria da Inspiração,
e deixaste no seu lugar,
A Dor de um vazio sem par.
Disseste-me que outros poetas
a mesma Musa iriam usar
para suas rimas enfeitar.
Hoje, ao ler teus poetas sagrados,
Me vejo, nas antigas palavras, a rebuscar
o mesmo veio poético, para me iluminar.
Porém,
Anjo da Musa humana,
Vejo-me a construir palavras tristes,
Vejo-me, de novo, tudo começar,
E não consigo mais o antigo sonho alimentar.
Então,
Te suplico,
Anjo da Musa Humana:
Deixe-me, pelo menos as rosas!!!
Ou, alguma rosa perdida, no chão
da minha alma.
Para que eu sinta que um dia, a minha Musa irá voltar.
E, com toda a minha Saudade,
Eu volte a poetar.
Saleti Hartmann
Professora/Pedagoga e Poetisa
Cândido Godói-RS
Anjo da Guarda - Dedicatória
Este, confesso, não ficou tão bom como os textos anteriores... De qualquer forma, foi este o 3º bilhete secreto que deixei à moça de que vos falei. Ela vai ficar longe de mim durante uns tempos... Prepararei um novo bilhetinho para o seu regresso... :P
O meu coração bate-bate, forte no meu peito,
e ameaça explodir, amargurado,
prevendo uma atroz e torturante saudade,
receando não sobreviver à tua ausência.
Deixo-te, então, sobre a protecção de um anjo,
na esperança de que com devoção e fervor,
acompanhe todos os teus passos,
e te ilumine o caminho de regresso a mim.
Ele segredar-te-á ao ouvido os meus pensamentos,
aqueles que escondo nas entrelinhas de cada verso,
ou os que não ouso sequer escrever em papel,
mas que anseio perpetuar no teu coração.
Boas Férias!!
01/08/2013
SAUDADE
Saudade
...Meu peito está muito mas, muito apertado
me sinto explodir...
é um aperto que não consigo contorcer ela...
...meu Anjo a saudade invadiu-me a alma...
Luísa Zacarias
QUERUBIM
Amar-te-ei
Como um querubim
A origem do teu nome
Ainda é obscura
Mas é luz dentro de mim
Não te profanarei
Teu adorno de ouro
Elevam a Arca da Aliança
Meio bicho, meio homem
Flutuarei em tuas asas
Rumarei ante as vagas
Como o Santo dos Santos
Serás enfim, Serafim.
Voltarei no tempo
Firmarei o teu templo
Dar-te-ei meu ventre
Para que revivas através dos séculos
Bendito e abençoado sejas
Na Babilônia ou Mesopotâmia
Que importa onde será o parto
És eterno, meu amado
Meu bebê, Ser alado
És sagrado
Meu universo sem fim
Passarão os séculos
Continuarás eterno
No útero de mim
Para sempre,
Querubim.
Rose de Castro
Anjo Profano (sonetilho)
Anjo Profano (sonetilho)
by Betha Mendonça
Asas vergadas, vastas plumas,
Desejado corpo delgado,
Lançado dos sonhos tu rumas,
Punhal no meu peito cravado.
Beijos e deleites de espumas,
Em mares de carinhos cálidos,
Criado do amor tu me acostumas,
Aos teus lábios em mim tocados.
Anjo profano, demo alado,
Tu me inebrias em luas-de-mel,
E trago-te ao colo tatuado...
Voas, brincas, mudas de papel.
Ser alado por mim amado,
Cavalgo-te como um corcel.
Volta avô!
Partis-te…
E deixaste-nos então…
Sem uma possível despedida
Partis-te no último Verão!
Vi-te sofrer
Como nunca imaginei
Ainda consigo ver tua cara
E tudo o que chorei!
Foram dolorosos os momentos
Que envolveram a tua partida
Nunca imaginei eu
Que te roubassem assim a vida!
Estavas tão fraco e desprotegido
E eu sem nada poder fazer
Este sentimento de inutilidade
Ainda mais me fazia doer!
Porquê que tinhas de partir?
Estavas tão bem entre nós
Eu sentia-me uma sortuda
Porque ainda tinha todos os meus avós!
Eu sei que a vida é assim
Mas é difícil de aceitar
As vidas fogem-nos pelas mãos
Sem uma última oportunidade nos dar!
Todas as memórias más ficam esquecidas
Somente as boas permanecem
Todas as brincadeiras que tive contigo
Acredita que nunca mais se esquecem!
Todos os bons momentos
Ficarão guardados no meu coração
Nunca os esquecerei
São a minha única recordação!
Agora tenho um anjinho no céu
Que me ajudará em tudo o que precisar
Sei que estarei protegida sempre protegida
Porque ele por mim vai olhar!
Não estás presente de corpo
Mas estás em pensamento
Vais estar sempre no meu coração
Em toda a minha vida, durante todo o tempo!
Teus lindos olhos verdes
Que eu nunca esquecerei
Até um dia destes avô,
Para sempre te amarei…
ODE AO ANJO SILENCIOSO
Como Sombra do Homem,
O Anjo silencioso
Conviveu
Durante séculos,
Durante milênios.
O Anjo, despojado, imperceptível...
O Homem, ambicioso, orgulhoso.
O Anjo, mantendo em segredo
A chave do Amor de Deus,
E aguardando a chave
Do Amor do Homem.
O Homem, procurando
A chave do Poder na Terra...
Sondando o Mistério
Do Universo,
Para tê-lo
Em suas mãos
- repletas de ambições -
Durante milênios,
O Anjo fez-se Prisioneiro
Do Destino Humano.
À espera de uma única
Manifestação de Amor
E de Gratidão
Ao Deus
Da Vida.
Durante milênios,
O Homem - ambicioso -
Aprisionou o seu semelhante,
Buscou os caminhos
Do ouro, da prata,
Do minério bruto...
- Poucos foram os alquimistas
do Verdadeiro Tesouro -
O Anjo suportou,
Aguardou
E protegeu
Em silêncio
- o Homem -
Que Deus colocara
Sob seus cuidados.
(Enquanto o Ser invisível
Minerava caminhos de Luz,
O Ser visível - Homem -
Minerava a pequenez
E a Ambição.)
Até o instante
Em que suas asas guardiãs
Desprenderam-se
Mansamente,
Amargamente,
Do Homem...
Para deixá-lo só,
À procura do seu tesouro escravizante.
Liberto, o Anjo voou para distâncias
Infinitas... em busca do
Verbo de Amor
Que ecoa para ele e para o Homem
Por todo o Universo.
Mas, o Anjo é Ternura.
- E o Homem é surdo de coração.
E assim, pequeno,
Feito verme insensato,
Cava o chão em busca da sua própria
Dor.
E tão empenhado está nessa procura insana,
Que mal notou o Homem-Ambição
A ausência do seu invisível Protetor.
- Uma lágrima rolou dos olhos do Anjo...
- Um grito de angústia
nasceu em todo Homem chamado
AMOR.
Mas, a lágrima amorosa
Jorrou como mil estrelas
No caminho das Santas Criaturas.
E se fez bálsamo,
Na mente e no espírito
Do Homem-Ternura.
Esse é o Homem,
Que, às vezes, olha para o Firmamento.
E procura, no espaço infinito,
Os rastros do Anjo de Deus.
E de seus olhos,
Brotam lágrimas estreladas,
De dor e de Saudade,
Da sua Alma invisível,
Que se desprendeu,
Para não morrer.
Às vezes,
Parece que ambos se unem
- Anjo e Homem-Ternura -
por alguns instantes serenos,
quando Deus manifesta
a Sua Palavra
à Sua Criação
que se chama
AMOR.
Saleti Hartmann
Professora e Poeta
Cândido Godói-RS