Tempo
Tudo já aconteceu,
Pois acontece e acontecerá
No mesmo tempo
Todo o fluxo já passou
E ainda passa e passará
Neste exato momento.
Toda a hora sempre chega
Porque já passou.
Por isso, somos agoirentos.
O tempo é um rio parado
Embora haja tanta gente
Afogada e sem alento.
E, mesmo estático,
Vivemos ardentes
Em meio a tantos tormentos,
Porque, mesmo parado,
Vivemos na aparência
De discursos e argumentos,
Na ilusão de calendários,
Dias, anos e minutos
Em meio a sonhos e dezembros,
Porque, mesmo cumpridos
Seu destino e fado,
De nada sabemos.
E o que há somente
É a luz que dilata
Distâncias e comprimentos,
Tudo o que vemos
É o para além dos nossos olhos
Do chão ao firmamento.
Assim não o sentimos
Como insensível cristal,
Mas como nosso tegumento,
Por isso não o sentimos
Como massa inerte de gelo,
Mas torrente ardente de tempo,
Ou, mesmo parado,
Como solo livre do sólido,
Pântano lutulento
Onde afundamos,
Onde morremos e nascemos
Na ilusão dos fragmentos,
Porque o tempo é um todo,
Rio sem fluxo ou corrente,
Congelado movimento,
Aquilo que muitos confundem
Com a existência
De algum ser eterno e supremo.
O mais revolucionário ateu
“Deus é o silêncio do universo, e o ser humano o grito que dá sentido a esse silêncio”. Ao ler esta frase, atribuída a José Saramago, diria que ele, a pensar assim, não era ateu.
Ao criar Deus, o homem não pode crer que está a parir e não propriamente a criar, mas está a parir um "filho" do pensamento indomável, uma espécie de alma sem contornos, nem qualidades, que habita esse pensamento e que está tão presa a ele como ele está preso ao corpo.
E nesta génese de Deus o homem foi significando a religião, as religiões, com os mais variados objetivos, práticos e teóricos, tornando-as em caldos de superstições e de contradições e de sistemas políticos e normativos.
Jesus Cristo parece ter tido uma visão muito clara de que as religiões, incluindo a judaica, eram uma espécie de pseudociências de Deus. Quem soubesse a cassete do "jargão" religioso, sentia-se habilitado a falar disso como um sábio.
Infelizmente, Jesus Cristo não foi devidamente compreendido. Ele era o mais revolucionário ateu numa cultura de pseudociências de Deus. Ele foi o mais lúcido, contundente e demolidor adversário e inimigo dessa cultura.
Mas os próprios cristãos, o cristianismo, os poderes políticos, a igreja católica, trataram de o interpretar e de o integrar no velho sistema de pseudociências de Deus, como se ele fosse mais um, embora diferente e melhor.
E, mais grave do que isso, endeusaram Jesus Cristo. Ao endeusá-lo estavam a endeusar a própria Igreja, o que veio a revelar-se catastrófico, e a destruir, desvirtuando-a e deturpando-a, a grande mensagem de Jesus Cristo contra as religiões enquanto pseudociências de Deus.
O que poderia ter sido um imenso movimento de iluminismo antecipado e fulgurante, verdadeiramente libertador, acabou por ser absorvido em sistemas de mais pseudociências de Deus.
Quadras - Afagos
QUADRAS- «AFAGOS»
Já o Sol vai nascendo
Trazendo côr à minha Vida
Fico a Deus agradecendo...
Poder olhá-lo embevecida.
Se é tão curta esta Vida
Chorosa logo ao nascer
Não me quero saber cativa
Quero ser livre até morrer.
Sou triste, me aflijo tanto
Mas ninguém suspeita sequer!
Vou chorando este meu pranto
Sofro cá dentro! Sou Mulher!
Já usei tranças um dia
E ninguém mais se lembrou
Da Mocidade me despedia
Silenciosa a dor não curou!
Minhas tranças eram escuras
Com laços côr de solidão...
Agora nas horas das ternuras?!
As lembro com comoção.
Meus sonhos eram futuro
De Amor trazia o peito cheio
Ainda agora procuro...
Mas Sonhos? São devaneio!
rosafogo
“Fim da linha...”. (LUTO)
A viagem tinha destino, só seguir o roteiro.
Curtir a paisagem rumo ao trajeto sonhado
Porem em seu longínquo e confuso mundo
Partiu do trem em movimento aos braços de Deus
O teto, antes aparentemente estável e firme.
De repente são escombros e cacos espalhados
Nos trilhos da inquietação a alma soluça...
Margeando o coração, sangra a ferida aberta.
A dor da perda nos aprisiona os sentidos
Faz-nos impotentes, ata os movimentos.
Ressentidos, queremos de volta o passado.
Num lento e dolorido vôo, burlar o calendário.
Na frustrada tentativa de atrasar o relógio
Só resta o baque insano e o choro côncavo...
Glória Salles
04 setembro 2009
19h36min
Olá, sou filha da Gloria.
Mamãe está com a saúde bem debilitada por conta de alguns problemas emocionais acontecidos ao longo deste mes.
Estamos muito, muito triste, esse soneto não consegue exprimir a dor que estamos sentindo...
Obrigada pelo carinho de todos.
"Homenagem a essa menina tão amada,
que achou que a "viagem" não mais valia a pena,
e pulou do "trem da vida", para os braços de Deus...
Saudades e todo nosso amor ..."
Já se pôs o Sol
JÁ SE PÔS O SOL
Não sei meu Deus!?
Por quanto tempo ainda
Posso assim olhar os Céus.
Avançar por entre a recordação
Tempo este de mistério, que tráz a vinda
Dum tempo de escuridão.
O Sol vai próximo do horizonte
Quem sabe, voltarei a olhá-lo?
Já o perdi para trás do monte
Talvez amanhã volte a encontrá-lo.
Neste pensar, fico junto à janela
Declinou o dia!
Olho a Vida e pensando nela;
Já chega a noite sombria.
Há folhas mortas p'lo chão espalhadas
E não há lembranças que não doam!?
Quantas ainda as alvoradas?
Já as nuvens se amontoam.
Solitária me deixo à espera
Está escuro na minha ansiedade
Já a razão se desespera
E é vago meu sonho, vivo de saudade.
Vejo ainda folhas secas p'lo chão
E apressado bate meu coração.
Trago na memória outro rosto
Me surpreende ainda a semelhança
Espanto meu, ingénua criança!
Já se pôs o sol, é sol posto.
rosafogo
Dúvidas
Dúvidas
Agora eu peço aos meus amigos ateus
Que perdoem este ser tão imperfeito
Pois em vez em quando dou um jeito
E acabo pedindo a presença de Deus
Peço que não julguem a milha falha
Pois quando estou muito atribulado
Com o meu pensamento atordoado
Então imploro a Deus e jogo a toalha
Eu sei que um dia posso ser expulso
Do nosso grupo formado por ateus
Por eu precisar das ajudas de Deus
Peço desculpas para os meus irmãos
Que me perdoem toda esta fraqueza
E da ausência de fé não ter certeza.
Jmd/Maringá, 31.05.2016
Desanimo
DESANIMO
Pedi com fé!
Roguei com esperança
Pedi a Deus me escutasse
Na minha alma luz deixasse
O visse nas palavras que escrevo,
pobres e sem sabedoria,
O porquê do meu anoitecer cedo?!
Quando ainda procuro significado p'ra meu dia.
Olho o Céu e pergunto a razão
A razão para viver?!
E ninguém me responde não?!
Onde andas meu Deus?!
Onde?
Que não te consigo ver?!
rosafogo
O curto tempo de uma prece
Assiste-nos um mar de tormentas
E a impotência de ser humano
Nada impede a fúria da natureza
Ela é a linha entre a vida e a morte
Ninguém a vence por pura sorte
O céptico não enxerga o óbvio
Mas, chegou a era da renovação
Falta, apenas, ao homem
O curto tempo de uma prece
Do arrependimento e do perdão
Maria Fernanda Reis Esteves
50 anos
natural: Setúbal
TROVAS NO TEMPO
TROVAS NO TEMPO
Meu canto é de amargo cheio
Poesia eu trago nos braços
Me enleio nela, me enleio!
Em doces e longos abraços.
Digam lá o que disserem
Que de ouvir-vos não me cansa
Calo-me se assim o quiserem
Deixem-me ao menos a esperança.
Se eu de saudade, partisse...
Levava saudade que é bastante
Do poema que eu melhor disse!
Aquele da saudade já distante.
Quanta distância vai de mim!?
Ai quanta distância Deus meu!
Que já nem sei ao que vim!?
Nem lembro se o coração morreu.
Mas sei que nasci do Povo
Desse de quem trago saudade
Estando morto levantou de novo
P'rá conquista da liberdade.
Já subi ao mais alto monte
Mais alto quero ainda subir
Quero enxergar lá no horizonte
Com olhar cansado o meu partir.
Passará por mim o sol e o vento
E eu seguirei até à eternidade
...Só sobrará um pensamento
Saudade levo apenas da mocidade.
Meu olhar verde olhará o poente
Nele vazará toda a sua tristeza
E aí se fechará tão docemente...
Esquecendo do Mundo a frieza.
rosafogo
TRAVESSIA
Uma luz surge de uma grande e Divina explosão.
O mar revolto de desafios medonhos
conduz navios possessos. Diversos sonhos
protagonizam viagens infindas, confusão.
Estradas esguias, rotas escuras, provisão
raquítica. Mundos nefastos, enfadonhos,
calejados. Pensamentos chucros, tristonhos.
Clarão negro envolto em dúvida em profusão.
Destinos tortuosos assombram o silêncio
turbulento de psiques inquietas, insanas;
maledicências despudoradas. Suplicio.
Feixes luminosos de esperança, profecia
calmante e silente para vidas humanas.
Que Deus proteja nossa breve travessia.
E NOSSA TRAVESSIA PELA VIDA.