Sábado Tenso
Em plena semana santa e ...
a lista dos Judas não parava de crescer,
se tratando de corrupção,
o número era tamanho,
nem poderíamos prever.
Se fossem investigar de verdade,
essas listas seriam mais de cem.
Enquanto os desavergonhados,
recebiam os chamados,
nosso vizinho ao lado,
brincava com quem estava do outro lado,
vendo o Sol nascer.
Dois loucos,
provocações dos dois lados,
lembravam-me os vilões dos desenhos animados!
Há velhos Sábados à Tarde!
Onde estou que não ouço os jardins? Onde estou! Onde estou que não vejo os perfumes das rosas nem as cores dos amores... e onde estão os passarinhos? O meu sol quente, o meu tempo esquecido! Que saudade!
Saudade daquelas lindas tardes de sábado à tarde bem passadas! As poesias trocadas... é passado a querer visitar-me?
- nostalgia...
... as grutas...
Aquele Bar, lembras? O “Carvoeiro”! Aconchegados na música em beijos e abraços... tudo ao Sábado à tarde.
Os jardins onde corríamos de mãos dadas!
E o fontanário! Bem no meio do jardim de Sta. Bardara, que saudade dessas tardes!
Tanto tempo passado. Tudo nas mãos e hoje, não temos nada!
As cores...
... as chuvas que apanhamos sem delas escaparmos!
Aquelas nossas saídas da escola a meio das aulas.
As caminhadas e as subidas dos escadórios do Bom Jesus, o lago dos barcos onde remavas para mim...
... o jogo às escondidas, lembras? Aquele dia que te fugi por entre os cedros verdes! Ha ha quando íamos até ao rio, tomar banho... fingi estar afogada!
Para onde foram esses dias? Onde estou!
As tardes de cinema onde fazíamos os filmes...
O teatro que representávamos e ao mesmo tempo, assistíamos
Tudo passou.
Tudo é passado e eu, onde estou?
Os sonhos que construímos com os nossos próprios alicerces, tudo tinha, tanta intensidade.
O café que conhecia nossa presença todas aquelas tardes de Inverno, ainda sinto o cheiro dos vidros embaçados.. e o vapor da maquina do café.
A capelinha onde sentamos tantas vezes à porta, com a porta fechada!
O desejo de casar na capela de S. João Baptista, lembras?
E no Parque nossos silêncios permaneciam com olhares ternos dos gansos pretos e brancos...
Agora já aqui não estás mais! E eu, onde estou? Não vejo nada que me faça sentir tudo isso de novo.
Os nossos limites, as 7 horas já em casa, tudo hora marcada e fazíamos muito.. e nas missas do domingo?
À noite todas as estrelas choravam de felicidade, passava o tempo à janela a admirá-las enquanto revivia os momentos daquelas tardes!
As improvisadas declarações de amor que fazias de joelhos, tal e qual o Romeu e eu a Julieta.
As horas perdidas, sentados na relva da nossa Avenida e os amigos à volta tocavam viola! Lembras? Era tão lindo...
O tempo esquecido e aquele dia que tivemos de saltar o gradeamento da escola, porque já estava fechada! Éramos tão distraídos!
Tudo ficou apagado na nossa vida, porque partiste daqui sem aviso!
Morreste e assim esquecida de onde estou, vou até à eternidade...
... tudo era perfeito, tudo era bonito.
sábado.
não gosto dos sábados, sabem a despedidas. tu ao menos ainda te podes sentar a ver as tuas gaivotas, eu não tenho gaivotas e a maré, hoje forte, afoga-me as memórias. um jeito sereno de dizer poesia, se poesia precisar o corpo. a espera é tranquila, almejar um mundo inteiro com os sonhos na algibeira. queria dizer-te não vás mas sei que é teu o destino de ir. mas não vás triste, um dia as caras encontrarão os seus corpos, hoje ainda não. não gosto deste sábado. amanhã o meu irmão faz anos, dar-lhe-ei um abraço que constrúa uma ilha, que ele saiba de ti e desta semana, de como em mim criaste barcos. não te vou procurar, prometo-te, guardo apenas de ti a semana passada, duas bocas a entenderem dois ouvidos, quase gastos de palavras ocas. se te disserem de mim a distância conta-lhes do absurdo que é julgar o sentimento pelo que separa os corpos. havemos daqui voltar, a esta praia, é disto que se faz a história, ainda que ninguém nela caiba, por ser já tão nossa. e aqui voltando saberemos de nós, partidos na metade de tempo onde fomos um do outro.
Noites de Sábado
Noites de Sábado
by Betha Mendonça
Já é tradição: sábado de tardinha todos chegamos um a um com nossas famílias - aves de volta ao ninho – na casa dos meus pais. Como as garças brancas que voltam ao abrigo do Mangal, nós buscamos aconchego sob as “asas” de mamãe e papai.
E tudo no apartamento deles são aconchego e afeto. A placa na porta da frente com a figura de um casal de “velhinhos” estilizados já avisa aos visitantes: Casa dos Avós.De velho nada vemos lá.A mamãe com seu notebook ligado está antenada com tudo de novo e moderno.O papai diante das enormes TVs LCD à cabo e jornais do dia está em constante atualização.
Cada grupo que chega é efusivamente saudado e acarinhado por eles e pelos que já estão ali. Logo o clã todo se reúne. Os homens conversam bebericando cervejinhas e beliscando deliciosos petiscos que mamãe providencia. As mulheres divertem-se em risadas e “fofocas” entre xícaras de café e pães de queijos, enquanto os jovens segredam aos primos e primas as últimas saboreando pizzas, pães, empadão de frango, sanduíches, refrigerantes e outras guloseimas.
A diversão familiar avança na noite. Todos se reúnem na sala. Vemos vídeos de antigas festas convertidos em DVDs. Gargalhadas e troça da aparência de um, careta de outro ou fragrante engraçado. Outra vez vemos um jogo de futebol, uma novela ou filme só para um grupo desfazer do time ou ator favorito do outro.E rimos...Rimos muito!
Se algum tem um problema todos dão força, abraços e beijos. E a gente tem a certeza que tudo vai ficar melhor e dar certo. Que as soluções virão a seu tempo.
Nas noites de sábado o mundo todo cabe dentro de um aconchegante apartamento, que é pequeno comparado aos enormes corações de meus pais, mas pode abrigar com largo espaço filhas, filho, genros, nora, netos, netas e bisneto.
UTOPIA (3) (Un poeminha para o sábado)
UTOPIA (4)
(Um poeminha para o sábado)
O vento
balança as flores do jardim.
Uma borboleta azul
voa sobre mim.
A cena é linda com perfume
de jasmim...
Mas prefiro as flores lilases
e a Prima Julia...
Sei que é um sonho.
mas eu preciso ficar sonhando,
assim:
Até o fim.