crias formas crias objectos mas aguardo o momento em que sairás das normas e criarás espaços vazios e silêncios desertos
continuamente olhas os objectos enfeitiças-te com as formas mas sempre impões máscaras e afectos ao silêncio que com sons adornas
ninguém cria o silêncio mas ele manifesta-se sempre ninguém inventa o espaço mas eternamente o vês presente
jamais alguém destruirá aquilo que nunca foi criado
em todos os momentos da tua vida encontrarás um silêncio esvaziado
e é sobre ele que as vidas se erguem
se algum dia parares para o olhar verás que os teus medos apenas temem aquilo que o vazio tem para te mostrar __
Espaço e silêncio. Estão sempre presentes, mas quem é que repara neles? O que significa a sua presença na nossa existência?
Será possível que nós próprios sejamos nada mais que espaço e silêncio? Alguma vez encontraste dentro de ti algo que pudesses considerar ser quem tu realmente és? Não era isso apenas espaço vazio e silêncio sem forma?
Quem és tu senão este mesmo silêncio? Este espaço? Procura-te e diz-me o que encontras. Não vêm sempre as mãos vazias quando é o teu próprio ser que agarras?
Procura por ti e diz-me o que vês. Esta é a única questão verdadeiramente importante na tua vida. Tudo o resto são bonecos desenhados na areia, são traços pintados na água.
Poemas de amor, de amizade, de tristeza e solidão, palavras de esperança e paixão, tudo isso é como nuvens no céu, varridas como folhas ao sabor do vento quando te debruças sobre a única pergunta que interessa: quem sou eu?
Procura-te e diz-me o que encontras. Esta é a única missão que poderás algum dia ter na Terra. É a única resposta que poderá alguma vez saciar o teu desespero e desejo e fome de amor, calor, afecto e paixão, carinho e reconhecimento, inclusão, ternura, altruísmo e compaixão. Tudo isto, pelo qual anseias, são meros bonecos de neve. Quando encontras o sol que tens no peito, tudo se derrete na água mais pura para saciar a sede do teu coração.
Procura-te. Tudo o resto é ilusão. São brincadeiras que pensas levarem-te a algum lado. São quimeras, castelos construídos no ar, palácios que nunca poderás habitar.
O deserto parece que rasteja aos meus pés E o vento se curva aos meus ouvidos Sou um lobo que uiva ao encontro do nada A sombra de alguém que assombra o meu quarto;
Eu lembro que um dia você preferiu o silêncio Sei que você não pode mais me esperar; Mas eu ainda posso cortar ao fio da navalha As mentiras que me trazem você;
Com os olhos negros fumegantes À noite me atrai em círculos Ouço o cantar vicioso das cigarras Estamos tão longe e ao mesmo tempo tão perto;
Quem poderá fender a cicatrizes que carrego? Tenho o tempo por inimigo e cansaço... Tenho sede por um lábio dissolvendo Águas desperdiçadas e lágrimas absorvendo;
Sou um lobo que uiva ao encontro do nada Faróis me cegam ao longo da estrada O caminho de volta já não sabe ao certo O sangue como rastros me vazou em pensamentos.
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli Village, Julio de 2011 no dia 21.
Se fosse tão simples assim dizer adeus Eu deixaria você bater a porta E não perderia noites de sono Se fosse assim tão simples, meu amor...
Se fosse tão simples assim dizer não te amo Eu transformaria um verso em prosa A realidade eu atrelaria em sonhos Se fosse tão simples assim, meu amor...
Se fosse tão simples assim dizer não vá Eu trancaria a nossa porta E morreria em noites de abandono; Pra nunca mais acordar... Pra nunca mais acordar;
Se fosse tão simples assim meu amor...
Produzido por Christine Aldo Village, Agosto de 2011 no dia 10.
Não há nada que eu possa fazer alem de esquecer Os dias são diferentes e eu me perdi em um deles;
Às vezes eu me pego olhando o céu E toco as estrelas em vão Corpos estranhos na imensidão Pareço não sentir o chão;
Queria voar com meu espírito por aí Pairar e descansar sem culpa e dor Violentar a cumplicidade dos meus anseios Flagelar a carne da minha alma;
Se eu me atirar daqui de cima Eu e meu sentimento de culpa Quem poderá me amparar no ar... Eu tenho asas inimagináveis e estranhas Elas me asseguram da dor;
Às vezes eu me apego com coisas bobas Elas me escravizam por ora E fazem-me gritar por liberdade Tento separar a mente do coração;
Não há nada que eu possa fazer alem de esquecer Os dias são diferentes e eu me perdi em um deles;
Eu tenho asas inimagináveis e estranhas Elas me asseguram da dor.
Produzido por Marcelo Henrique Zacarelli Village, Julho de 2011 no dia 22.