sou palhaço assumido...
Querelas levaram-me ao paraíso… e lá senti-me efémero.
Então perguntei ao meu umbigo: - Que procuro eu?
Sem que conheça a resposta – sentíreis-me idiota – O Ser das ideias em prol dos ideais…
No passado fui um palhaço do circo da vida…
Hoje não...
Hoje não vou apoquentar as palavras, mesmo que o teu sorriso não cesse, ou que te laves em lágrimas não permitirei que algo aconteça ou que tudo aconteça.
Hoje não vou apoquentar as palavras, ficarei fechado no silêncio dentro mim, de olhos vendados como um prisioneiro de uma guerra que nunca existiu…
Hoje não vou apoquentar as palavras, não me peçam nem me gritem, porque não me importa, hoje nada me importa mesmo.
Desculpem! Não vos direi nada, nem mesmo que, hoje não vou apoquentar as palavras…
(Foto de: Piotr Kowalik)
Sou Livre de Brincar, Sentir ou Sonhar!
Brinco com as palavras como uma criança que brinca na inocência com um qualquer brinquedo em que constrói o seu segredo ou mostra o seu prazer sem enredo…
São palavras que correm pelo meu rio da imaginação, roubo-as e devolvo-as porque as quero apenas durante a brincadeira que me pode entreter ou desafiar como um jogo em que queremos jogar e ganhar…
Não as compro porque são de graça e na graça das palavras consigo sorrir com elas e na alegria que existe jogo até ao infinito que me faz chorar na busca da compreensão do sentido que quero entender… não que elas queiram transmitir-me algo porque sou eu que quero entender o seu sentimento á minha maneira, porque cada um é livre de brincar, sentir ou sonhar!
Sei onde as palavras moram, como um segredo bem guardado e sempre que me apetece brincar vou tocar á sua porta, timidamente, pedindo-lhes para brincarem… e os anos passaram, fui perdendo todas as outras brincadeiras e aqueles que comigo brincavam também foram em direcções opostas… resta-me hoje a amizade de algumas palavras, o conselho sábio de outras e a brincadeira de quase todas. As palavras são as minhas melhores amigas, o meu melhor sentimento ou a minha maior ilusão… são o que são, que me importa se sou livre de brincar, sentir ou sonhar!
Solidão II
Anoitece. O Sol… fugiu-me com uma despedida tímida. Ainda contemplei as cores que vestia nessa viagem do adeus. Essa relação cor de fogo que partilhamos como nossa, extinguiu-se no silêncio dos sentimentos. Amanhã voltarás! Vou deixar-me ficar, nesta praia deserta, à espera que uma onda qualquer me traga noticias tuas. Talvez um dia… voltes numa canoa de alegria e assim afastes a solidão de mim…
Ao Meu Anjo
Hoje chego cansado. De tanto lutar com as palavras ditas. Ditas ao meu rebanho que nos montes andou impávido e sereno sem que o som das minhas palavras fizesse o mais pequeno ardor aos seus ouvidos.
Cansa-me. Esta mania na forma de desprezo cansa-me. Empurra-me para uma solidão que não quero. Só tu, minha santa amada, saberás compreender. Mesmo que a distância nos mantenha separados a compreensão estará sempre em nós.
É para ti que deixo o melhor do dia, uns beijos campestres!
Tu hoje mereceste! Em boa verdade mereces sempre…
(in - Diário de Um Pastor)