Carnaval Português
1
Povo fantasiado faz graças
Com as suas próprias desgraças...
E um frio do/com caraças!
2
Usa o povo máscaras;
O governo tem má(s) cara(s);
Primeiro ministro, cara de pau às claras!
3
Brasileiras vêm cá sambar e pular.
Vistam-se, que há gripe no ar:
Despiu-se o frio polar.
4
Quer queira, quer não,
Para o (n)/(p)obre folião,
Teremos nevão (e constipação)!
5
Agora fujam de mim...
Guardei para o fim
Este aaaaaa... atchhiiiimm!!!
12.02.2010, AdolFo Dias
“Carnaval só nosso”
Vestidos de arco-íris vamos pelo salão
No compasso patente desse louco amor.
Ao conhecer na pele o toque da tua mão
Antevejo paixão nos teus braços, Pierrot.
Sem máscaras agora, somos apenas nós
Brincando na fantasia, que nos alucina
Esquecendo o tempo, esse nosso algoz
Recheamos de encanto cada verso, e rima.
O intenso brilho do teu olhar afiança
Que não haverá cinzas na quarta- feira.
E o sabor da boca acorda a esperança
Que chega vestindo a alma, sorrateira.
Alegria rara, de repente nos envolve
No enredo desse amor, rumo certeiro
Desatina o coração, embriaga, absorve
Diz que vai ser carnaval o ano inteiro.
Glória Salles
19 fevereiro 2009
23h06min
Flórida Pt - Meu cantinho...
poema fúnebre e carnavalesco
todos os enterros são tristes
- por antecipação -
o cadáver ainda que não queira
é um canteiro de flores
dentro do caixão
eu mesmo quando frequento
velórios
pergunto onde fica o banheiro
não é bem para mijar
muito menos pra rezar
mas pra rir-me do morto assim por inteiro
inda ontem vi um defunto
embrulhado em paletó e gravata
socados algodão no nariz
parecia que me sorria
assim como quem me dizia
deixa-me cá ser feliz
as flores tinham mau cheiro
o padre olhava o relógio
pensando no seu dinheiro
eu pensava um necrológio
coisa boba e pesada
cai poeta e vai num samba
com a sua namorada
(todos os enterros são iguais
com as flores do mal ou demais)
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júlio
Carnaval ou Bacanal?
Carnaval ou Bacanal?
by Betha Mendonça
No dicionário:
bacanal
do Lat. bacchanale
s. m.,
festim dissoluto;
devassidão;
(no pl. ) festas em honra de Baco (grafado com inicial maiúscula);
adj. 2 gén.,
crapuloso, orgíaco.
Carnaval
do It. carnevale
s. m.,
tempo de folia que precede a Quarta-feira de Cinzas;folguedo;orgia; entrudo.
Muitos brasileiros ficam de bico quando no exterior ligam o Brasil à devassidão, mulheres fáceis e vulgares, prostituição e tido tipo de permissividade.
Pergunto eu: como essa imagem foi produzida? Respondo eu: basta ver os folhetos de turismo, os comerciais que vão de carros a cervejas e até aqueles para produtos destinados ao público infantil. A grande maioria tem sempre uma mulher com um devote que vai até o umbigo ou uma minissaia que mal cobre um rechonchudo bumbum rebolante.
Hoje ao folhear os jornais e ler sobre o Carnaval, parecia que eu estava a ver revistas de mulheres peladas. Peitos siliconados da todas as formas e tamanhos, que no samba nem balançam de tão empinados.Comissões-de-frente com minúsculos tapas-sexo (se é que não são só pinturas!) e retaguardas sem absolutamente nada nem o démodé fio-dental.
Atrás dos Trios Elétricos multidões de adolescentes, jovens e adultos na maior “pegação”. Há quem beije mais de 50 pessoas diferentes em um só circuito.
Um telejornal exibiu reportagem sobre meninas de 5 a 8 anos que “estudam” nas Escolas de Samba e desde cedo aprendem a ser passistas. Estavam vestidas com trajes sumários e rebolando de modo extremamente sensual como as suas “professoras”.
Eu disse meninas de 5 a 8 anos!Isso no tempo em que os pedófilos nunca estiveram em tanta atividade como hoje. Em época que abusos sexuais, prostituição infantil e tráfico de crianças com fins sexuais estão em alta.
Com tristeza reflito: os estrangeiros têm mesmo uma visão deturpada do Brasil ou essa imagem somos nós que criamos e passamos?
O Carnaval é sob o ponto de vista econômico muito lucrativo para nosso país. Gera incalculáveis empregos temporários diretos ou indiretos, trás fabulosas divisas com o turismo para todos os estados da Federação. Mas, as cinzas depois da quarta-feira, espalham-se e emporcalham nossa imagem o resto do ano.
(republicação)
Amanhã
.
Amanhã
Acordo e adormeço
impregnado do mais sôfrego não descansar
ó triste fado, por que falta o samba
e a bossa-nova para que possamos acreditar?
uni as mãos de “Disse-te Adeus e Morri”
às da “Manhã de Carnaval” ...
máscaras risonhas dissimulando negras cinzas
corpos mutilados em filas de espera-um-pouco
alinhados de perfil para a frente
almas rasgadas por transgressões legais
ao desmando arrogante e sobranceiro
dos que legalizam os crimes
e penalizam a legalidade
deste ou do outro lado
que é feição-espelho-simetria dos corações
em barricadas de gabinetes
com secretárias de cerejeira
morrem os nomes ...
(mas não morre o caminho...)
Luíz Sommerville Junior
* Inicialmente este poema chamava-se "É Pau , É Pedra" em alusão à canção Águas de Março cantada por Elis Regina(autoria de Tom Jobim-obrigado,SrMilton) e foi publicado neste site e em Távola de Estrelas em 2010.Reeditei-o hoje, 040320142204, mudando o título e também o poema.
O Último Pilar
O Último Pilar
Festa, música, foliões
Comemoremos seu nascimento
Cheio de emoções,
Um carnaval diferente
Vem mais um membro da gente!
Charles vem unindo multidões
A vida se enche
Todo mundo contente,
A família completa
Em cinco corações.
Em cinco verões
Tudo isso mudou
O carnaval ficou diferente
“Mudaram” até as canções;
Agora com a morte
do nosso ente,
O 24 ficou inconsistente
Numa festa seca
Com ricos, pobres indigentes...
Todos sem noções
Na comemoração momesca
Com tua ausência,
Pobres foliões!
Ruiu o último pilar
Foi a primeira peça
Para tudo implodir
E nada mais restar!
Marcelo de Oliveira Souza,iwa
Sinfonia de carnaval
Longe repousa a mente,
do outro lado do agito,
a alma parece doente,
dopado perece o espirito
o corpo querendo samba,
a boca guardando o grito,
balouça a rede bamba
em colisão com o finito
a trilha é sinfonia,
mesmice de todo dia...
a quietude compelida
é paz em revelia...
honey.int.sp
Imagem retirada do Google.
Meu Carnaval
O meu carnaval comemoro em casa, dentro do quarto, vendo desfiles de escolas de samba pela tv. Tem meu aplauso, a criatividade dos carnavalescos, as alegorias, a performance dos mestres-sala e das portas-bandeira.
Os ritmistas aceleram meus passos, movimentam meus braços.Gargalho vendo os olhos esbugalhados das rainhas de bateria, quando veem fotógrafos e cinegrafistas.
Dei a mim mesmo a pulseira de celebridade. Fiz da cozinha o meu camarote. Sirvo-me de sorvetes com sabores variados, sucos de frutas do Pará, queijos brasileiros, os melhores do mundo;
bebo água fresquinha do pote de barro comprado na feira do meu bairro. A riqueza do carnaval é a imaginação e a continuidade da alegria de viver depois da quarta-feira.
Amor de Carnaval
Nosso amor de primavera
Foi tão puro, tão bonito
Que outro amor, eu acredito,
Nunca houve em outra era.
Nosso amor de carnaval
Foi tão breve e verdadeiro
Mal passou o fevereiro
Fim do sonho sazonal.
Foi amor de tempestade
Chama em água cristalina
Trouxe paz, felicidade
Que não cabe nesta rima.
Quando eu tinha a tua idade
Tu já não tinhas a minha
Residias na cidade
Cidade que era vizinha...
Foi amor fora do tempo
Amor claro e passageiro
Que levou malvado vento
Para lá detrás do outeiro.
Foi amor de primavera
Em tarde de mau verão
Seu amor foi feito fera
Dilacera o coração...
Nosso amor foi vendaval
Fruto pulcro que caiu
Numa tarde feia e vil
Nosso amor de carnaval
Foi amor cruel, ranzinza
Desenhado numa resma
Que nasceu numa quaresma
E morreu quarta de... Cinzas!
Carnaval dos desperdícios
Faça-me uma fineza:
Cubra-se!
Portugal não tem clima
para descalçar tanta roupa
de Carnaval!
***
(realidades)
Não tenho televisão!
Por isso não vejo
desperdícios carnavalescos
no mundo
Não tenho televisão!
Não tenho laranja!
Não tenho tomate!
Nem um pão
que me alimente!