Se eu fujo de mim
Na omissão das horas
Ó indolente clarim…
Porque é que tu não choras?
Nada se assemelha
Ao teu som incontido
No envolto da centelha
Do ódio já conhecido
Que carências bordejam
O teu mar de revolta?
Que os teus olhos nunca vejam
A minha fúria à solta
Olhas-me…
Mas não me vês
Não conheces esta tortura
Vê o que o desdém me fez
No passado que ainda dura
E se no passado já assim era
Que ânsia poderei eu ter
Ao sentir no peito esta fera
Que me reprime de viver?
Manuela Fonseca