Em meio à estação...
Despedem-se a gosto,
Com a última tragada
- De cigarro -, um Marlboro,
Outro de origem paraguaia
Na mesa posta,
Uma taça, vinho do Porto,
Na madrugada, uma quentinha
A cachaça, tragada no gargalo
Na lareira acesa,
A chama que aquece,
Na calçada, coberta é folha
De jornal, um lixo da cidade
Na soleira da janela,
Flor murcha num jarro,
Sob a marquise da loja,
Um vazio prato de barro
Um olhar desfolha
Um livro “Germinal”,
Outro olhar fixa
O horizonte “Marginal”
Inverno,
Ou primavera?
Inferno,
Ou quimera?
Esta é a vida, nua e crua
Falada, escrita e lida,
Às vezes uma linda cotovia,
Outras um quase todavia
Este é o instante, poético,
Lírico, melodramático, lúdico,
Talvez um canto de utopia,
Ou apito da extinta ferrovia.
Enquanto nova estação se anuncia...
* Ao escritor e dramaturgo francês Emile Zola, autor do clássico “Germinal”.
(2005-2016)
Arte por Emile Claus (1849-1924), Belgica.