A noite cerca-me, invade-me os sentidos
em redor dela chove
misérias encobertas
e ruídos devassados
Abre-se a luz nas veias e por cumprir
o poema nasce
Lateja o tempo, cresce a humidade nos beijos
abandonados
Acendem-se ácidos lumes
avivam-se as chamas com a canção
do vento
Sonolentas águas, mares distantes
oxidados
vagabundos rôtos que dormem ao relento
Medusas luminosas, sémen derramado
lendas por cumprir
crónicas esquecidas
enigmas por desvendar em cada sombra
das esquinas onde fazem os engates
as prostitutas escondidas