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1975

 
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Fechei-me no camarim
E viajei.
Passei o ano inteiro
Lá dentro,
A fazer o quê,
Nem sequer me lembro.

A partilha e a entrega
Alucinogénica,
A massificação,
As palmas e a vénia,
Nada fazia sentido
Naquele camarim.

Passei lá o ano inteiro,
Não saía de lá sem perceber
O que era primeiro.

Todos se afundavam
Na loucura de que me fartei,
Todos beijavam o diabo
Na face alheia,
No intervalo da existência.

Daí a minha insistência
Em viver no camarim.
Esperava pelo tempo,
Esperava por anos luz
E pelo vento
Que voasse com a confusão
Para bem longe.

Esperava por outro ano
Para abrir a porta,
Esperava pela caridade
Do esquecimento.

 
Autor
AntonioCarvalho
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 20/09/2009 12:39  Atualizado: 20/09/2009 12:39
 Re: 1975
«Esperava pela caridade/Do esquecimento.»

Como que à espera de Godot.

DM