Fechei-me no camarim
E viajei.
Passei o ano inteiro
Lá dentro,
A fazer o quê,
Nem sequer me lembro.
A partilha e a entrega
Alucinogénica,
A massificação,
As palmas e a vénia,
Nada fazia sentido
Naquele camarim.
Passei lá o ano inteiro,
Não saía de lá sem perceber
O que era primeiro.
Todos se afundavam
Na loucura de que me fartei,
Todos beijavam o diabo
Na face alheia,
No intervalo da existência.
Daí a minha insistência
Em viver no camarim.
Esperava pelo tempo,
Esperava por anos luz
E pelo vento
Que voasse com a confusão
Para bem longe.
Esperava por outro ano
Para abrir a porta,
Esperava pela caridade
Do esquecimento.