Sonetos : 

O ÉBRIO

 
Na ponte, à base do pilar, vejo o negrume
Da chama que há pouco aqueceu a alma vazia
D'um corpo que ora adormece à luz do dia,
Jogado, invisível, estendido num tapume.
Alguns transeuntes passam e dizem: _ Ébrio!
Nem mesmo conhecem o porquê daquela sina.
Seguindo a razão social, a alma bovina,
Só julgam, tal qual semelhantes no sinédrio.
Ali, eis que jaz um restolho d'esperança
No seio de sã e notável temperança
De quem, num momento extremo, a dor se incumbe.
E o homem sensato então tomba sozinho
Ao gosto de intenso e injusto burburinho,
Assim como o bem, nessa vida, ao mal sucumbe.


Frederico Salvo


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FredericoSalvo
 
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Enviado por Tópico
Amora
Publicado: 19/09/2009 16:11  Atualizado: 19/09/2009 16:11
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Mensagens: 4705
 Re: O ÉBRIO
Verdade inquestionável, Frederico.
Repetidas vezes vê-se a imagem que você soube
escrever com perfeição. Mas nem sempre é vista assim como você quis mostrar.
Muito bom, um beijo.

Enviado por Tópico
Maria Verde
Publicado: 19/09/2009 19:40  Atualizado: 19/09/2009 19:40
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Mensagens: 3489
 Re: O ÉBRIO
Escolhas ou circunstâncias. Quem poderá saber?
uma maravilha de poema, com a elegância de sempre.
abraço poeta.

Maria verde