Quando um suspiro me fala
nem o silêncio o cala,
me fala e me segreda ao ouvido
que sou poeta, fui escolhido.
Calo-me então e presto atenção
ao som, esse silêncio bom
que me espera, como se fosse a primavera,
e me vai levando, como que embalando.
A primavera passa, a inspiração escassa,
sou escravo, da liberdade de um cravo,
da graciosidade da rosa, essa poética prosa,
se falo em flores, pinto o poema de cores.
Quero pintar, e falar,
em tudo, até de um labirinto, em tudo o que sinto,
se um dia mentir, mesmo que a sorrir,
é porque falei, e mais uma vez não me calei.
Quando um dia, me deixar ir em noite fria,
deitado numa qualquer rua, olhando a lua,
lembro o tempo contigo, aquele em que fui amigo,
lembra-me um momento, sou feliz por muito tempo.