Larga dose de moralina
Depacotaram Elis Regina!
Rumo ao universo paralelo
Troquei cocaína por copaíba
E não destroco mais não sinhô!
Andirobas e janagubas
Babaçus ah cura milagrosa
Meu sangue é leite de coco adocicado
O momento implode silencioso a aurora massoterapêutica.
Me banho com sabão
Que sabonete é coisa de fresco
Quero alma lavada
Parcerias livres retas firmes como eu
Como o não eu infinitesimal do buda
Quero jade lapidado polido a gema mais rara
Traduzir o arrepio
Quero troçar em termos minha alegria violenta
Minha libertinagem truculenta
Deixando àtrás a inveja frígida do cristão repressivo
Quero desenhar em linhas abstratas a mônada de minha atividade
Pintar surrealista os borrões coloridos da fronteira entre sonho e real.
O máximo de mim
Por favor
É o que peço ao vazio.
O máximo de mim
Sempre
É o que peço à espacialidade incerta
Ao silêncio que talvez tem olhos e ouvidos
Preciso do máximo de mim
Que meus amigos me ajudem
Me ignorem e sigam colossais
Se notarem que me desleixo
Que me relapso das vovós sagradas a que sou grato.
Quero falar lá no alto
Alto e claro
Como lêsse grandes letras escritas no céu
Pra todos me entenderem
Preciso ser entendido
E preciso te entender!
Vagabundo
Fala alto e claro
Grita sem rasgar
Grita grave sem arranhar
Sem caretas
Seje macho
Fale grosso porra!
Irmandade espartana
Amaciamos escudos e espadas
No cotidiano fútil das encenações
Gastamos solados cingimo-nos bolhas doídas
Lascamos dentes vertemos sangue e ossos precavidos
Mutilações morosas que nos permitimos em nome da suprema dureza.
O fraco aponta-me meus erros
Mordo-lhe fora o dedo imbecil!
Mastigo juntas degusto o sumo
Ele agora reclama arrepende-se de julgar
Covarde cozinhando gastrites sem cura
Destroçando a sapiência renal
Perdendo a chance de ser sol e água cristal
Deixando de lado a suposição mais corajosa.
Suposição da liberdade
Ilusão de domínio da ação
Nosso controle é mínimo
Quase completamente desprezível
A opção que temos é quase nenhuma
É contrair-se revolto à inanição
Espasmo rígido de toda fibra
Ímpia expansão em todas direções
É repousar inerte em mãe terra cheirosa
E levantar-se com a força pura do olhar
Do foco que seleciona e magnetiza
Observação ativa que faz ímã
E une à obrigação os predestinados.