Carta de Amor Número 09
by Betha M. Costa
Precioso meu,
Ontem quiseste saber por que és tu e não outro nesse mundo da tantas paixões. Naquele instante tão nosso, não quis perder tempo em divagações, enlacei-te num abraço e falei qualquer coisa para não quebrar o encanto do momento.
Agora sentada no chão do quarto, entre as latas de bombons cheias de anos recordações, fica fácil entender por que és tu e não outro. Aqui têm vinte anos de história. Bilhetes a beira da cama, espelho do banheiro, porta da geladeira. Cartões de aniversário, Natal e de pequenas datas só nossas, e, essas flores desidratadas que marcam nos livros os meus poemas preferidos...
Ventarolas, casinhas feitas de palitinhos, enormes corações escritos “mamãe eu te amo”. Muitos desenhos dos nossos filhos quando pequeninos a mostrar pessoas (nós), estrelas, luas, mares, carrinhos... Uma gama dessas coisas mágicas que só as crianças sabem fazer, dizer e tocar os corações das mães...
Tornei-me mulher por tuas mãos. Elas me guiaram aos prazeres do sexo. Seguraram-me e impediram por várias vezes que eu ia caísse em profundos abismos. Contigo aprendi o domínio das águas do amor e aonde elas desembocam. Por duas vezes senti o prazer da maternidade, e, foste para mim e nossos filhos uma “pãe”, mistura de pai e mãe.
Tu és o meu amor. Aquele que me dá de presente o Universo, a lua para que eu use como esponja de banho, o vento como secador de cabelos e as estrelas como descanso aos pés. Só tu tomas as flores da Terra para com elas estampar os meus vestidos e perfumar a minha pele. E ninguém além de ti poderá dar-me o prazer da primeira vez e a plenitude da maternidade. Por tudo isso o meu amor por ti não tem fim...
Beijo na boca,
B.