Luso-Poemas
 
Poemas : 

apoteose da morte

 
como construí
esta lucidez de
-lava
massajando a carne
-nupcial.
o rosto que não morre
quando bebe das entranhas
o reflexo da vida
-liquida.
sei-o
porque o vi enternecido.
nasceu do ventre
-visceral
este coagulo espesso.
bebemos agora o sangue
e nos lábios
apenas uma voz que já fora
-desfalece.
somos apenas sombra
a que come o
-silencio
e que no vazio respira
-suicídio.
pudera no coração dos
-ossos
encontrar respostas
e também em ti me encontrava.
as
-flores
de cinza feitas
o pólen que das lágrimas
-ardem.

regressaste na palavra
-mãe
no símbolo do leite sólido.
tua pele de
-mármore
e eu mordo todas as pétalas
-celestiais
na ansiedade de provar
o teu coração esquivo.

qual
-memória de pedra
nas mesmas ruas de cinza
se cruzam
sombras e
-abismo.
do murmúrio lento,
salgam os ouvidos.
vêem de longe
dissimuladas bigornas feudais.
-ferram-te
submersos pássaros de
-vidro.

raros foram os dias
em que dançavam-nos
-fogo
em todos os poros.

somos agora a erosão da
-terra
o núcleo erecto da
-boca
o álcool que triste adormece nas veias
e o azul do ânus.

-apoteose
que da morte
se faz letra viva.










Aglutinemos nossas almas, talvez possamos dar um pouco de alegria à nossa infindável tristeza.

 
Autor
Caopoeta
Autor
Textos deste autorMais textos
Rss do autorRss do autor
EstatísticasEstatísticas
 
Texto
Data
Leituras
821
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
Enviar este texto a um amigoEnviar
Imprimir este textoImprimir
Salvar este texto como PDFCriar um pdf
5 pontos
5
0
0
Recentes
o tempo
todas as manhãs corro para dentro do teu útero
ela disse:
o som
inspiração
Aleatórios
proibir
pedra de sentimentos
a pedra que dos amantes sente
0.A Gaveta da Pedra
aguentar o arado
Favoritos
Na foto de Zarco
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Margarete
Publicado: 11/09/2009 18:56  Atualizado: 11/09/2009 18:56
Colaborador
Usuário desde: 10/02/2007
Localidade: braga.
Mensagens: 1199
 apoteose da morte ao caopoeta
há dias escrevi "hoje doem-me todos os ossos do coração", fizeste-me lembrar disso, de como me dói às vezes tão fundo, como a palavra mãe ou o regresso à infância, que penso a morte numa apoteose celestial. mas "naturalmente aprendi a ser flor" porque ainda há "surrealismo no amor" e em alguma escrita, como a tua. gosto sobretudo do meu suicídio ao longo do poema, de ser tanta coisa em tanto tempo em tanto espaço em tanto ser.

Enviado por Tópico
Freya
Publicado: 11/09/2009 18:57  Atualizado: 11/09/2009 18:57
Super Participativo
Usuário desde: 11/04/2009
Localidade:
Mensagens: 108
 Re: apoteose da morte
tão ténue e abismal diferença entre a vida e a morte...

boca-terra
fogo-vidro
ferra-abismo
memória-celeste
marmore-mãe
visceral-liquida
ardem-flores
ossos-suicídio
silêncio-desfalece
nupcial-lava

com as mesmas palavras lendo o teu poema de trás pra frente daria uma bela apoteose da vida!
género aquele filme "estranho caso de benjamin button
**

Enviado por Tópico
arfemo
Publicado: 11/09/2009 19:53  Atualizado: 11/09/2009 19:53
Colaborador
Usuário desde: 19/04/2009
Localidade:
Mensagens: 4812
 Re: apoteose da morte
estas palavras, dilaceramento em vida, infiltram-se-nos, doem-nos por osmose...este poema é dolorosamento belo, um dos melhores (para mim...)dos que aqui postaste. Parabéns amigo

arfemo

Enviado por Tópico
ÔNIX
Publicado: 12/09/2009 11:49  Atualizado: 12/09/2009 11:52
Membro de honra
Usuário desde: 08/09/2009
Localidade: Lisboa
Mensagens: 2683
 Re: apoteose da morte
Eu quero viver,
nem que para isso tenha que morrer
e me encontrar no teu poema,
e em ti,
e em tudo o que nele vive.

Parabéns para ti que dás vida à vida

Matilde D'Ônix

Enviado por Tópico
Caopoeta
Publicado: 14/09/2009 11:50  Atualizado: 14/09/2009 11:50
Colaborador
Usuário desde: 12/07/2007
Localidade:
Mensagens: 1988
 Re: apoteose da morte/para todos
...muito obrigado pelos vossos comentários,sao eles focos de luz viva...
abraços.

Links patrocinados

Páginas em

Páginas sobre