DIONÍSIO NA ACTUALIDADE
BACO - Relativo a Dionísio (deus Baco)
• DIONISÍACAS – festas em honra de Dionísio
• Do Elogio da Loucura – Erasmo
• Referência: a Dionísio – (deus Baco)
Fala a loucura:......Percorrei o céu todo; consentirei que me chamem opóbrio (vergonha, desonra), a quem encontrar um só deus, que não seja Louco.
Porque é que Baco é sempre um mancebo, um efebo de bela cabeleira? Porque é que anda sempre embriagado? Porque anda sempre em grandes festins, danças, cantos e jogos e, não tem comércio algum?
Tão pouco lhe apraz passar por sábio?
Não se sente ofendido pelo provérbio, que lhe atribui um cognome fátuo e de “mais maluco que Morino.
Insensato deus Baco, que devia ter nascido de uma coxa.
Mas quem não preferiria ser um deus fátuo e insensato, sempre juvenil, sempre portador de divertimentos e prazeres, a ser o próprio Júpiter, temível mas pouco seguro?
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Derivações da palavra Baco
Baccus: - Baco – Filho de Júpiter e Sémele
Bacanal: - Referente a Baco – Próprio de orgia – Festa religiosa celebrada em nome de Baco - Festa licenciosa ( 1 ).
1 – Licenciosa – Vida desregrada - indivíduo dissoluto – libertino – devasso – sensual.
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DIONISIO NA ACTUALIDADE
Não é fácil, nem é difícil, mas sim complexo, o tema proposto.
Comparar a ética e os costumes dessas sociedades antigas , que estariam adaptadas ás suas necessidades e a seus prazeres, com as necessidades da vida actual, é um pouco complexo.
Essa complexidade, assenta na impossibilidade de transportar no tempo, essas vicissitudes e compará-las com os tempos modernos.
Impossível será fazê-lo sem desmontar certos tabús.
Tu como mulher moderna e bastante actualizada, de certeza que compreenderias, mas para mim que escrevo, tenho que me impor logo um limite e uma auto – censura, tanto no comportamento de Dionísio e as suas festas licenciosas, bem como desmontar e fazer clivagens na sociedade actual, onde essas festas licenciosas continuam a existir.
Embora não tenham aquele fausto e pompa dos tempos de Baco, essas festas são agora, mais subtis, selectivas e sofisticadas.
A animalidade do homem (do Ser) daqueles tempos, continua a existir em todas as camadas sociais, menos evidente, é certo, mas onde a base e o conteúdo (pelo menos mental) é o mesmo e tem sempre por objectivo o prazer.
O prazer do estômago nas grandes almoçaradas bem regadas e o prazer sexual se possível fora de portas.
Na época moderna, (se modernismo se pode chamar hoje ao prazer de comer e beber), o prazer de comer e beber é relativo e bastante condicionado, aos amigos e sobretudo ao local onde se vive.
Em Lisboa ou noutras cidades, onde o tempo é dinheiro, e, também por ambos serem escassos, proliferam os Mac Donalds, as pastelarias onde se come em pé uma sopa, uns pastéis, uma sanduíche, bebe-se um sumo, uma água um café , abana-se o estômago e está-se almoçado. Ao jantar comerei melhor, pensa como se isso lhe resolvesse o problema do estômago que , está meio vazio.
Engana-se a ele próprio, pesando que, se vai sentar a uma secretária e se comesse mais, teria uma digestão difícil.
Mas ao jantar, o stress, as crianças e toda uma série de elementos alheios á sua fome, fazem-no perder o apetite, e, pensa no fim de semana, onde matará a fome de outras fomes que foi acumulando.
Mas as crianças querem praia e lá vão umas sanduíches, mais uns pastéis,
que trincam depois de sacudir bem a areia.
Mas isto é vida? Pensa enquanto ajuda a esposa, prepara um arroz, que comerão com os pastéis que sobraram.
Os amigos se os tem, estão em suas casas, talvez pensando o mesmo que ele...e lembra-se do Pedro e do Paulo, que mentalmente convida para uma almoçarada no Sábado seguinte e esfrega as mãos já num antecipado gozo.
Mas vem o Sábado e o Domingo seguinte, e lembra-se que se esqueceu de convidar o Pedro e o Paulo , porque outros problemas lhe surgiram.
De repente, ocorre-lhe que os seus anos estão próximos e, sorrindo, diz para si mesmo: Nesse dia hei-de ser como o Baco. Comerei até fartar, beberei até me embriagar e pensando no sorriso sensual e convidativo da esposa, ri finalmente, contente por Ter sonhado.
Assim são os banquetes e orgias dos Dionísios de agora
.......Este pequeno texto, escrevi-o apenas para dar um exemplo, de como não é possível comparar um banquete de Baco e nem se pode transportar em comparação, com os tempos actuais
Existem no entanto excepções....os almoços de negócios, as tertúlias de amigos (da escola, da faculdade, da tropa etc etc. ) para assim haver sempre um motivo para festejar Baco.
Nas vilas e aldeias, há mais facilidade de satisfazer essas licenciedades estomacais, mas já só a partir de uma certa faixa etária.
Quanto ao sexo, ainda não desapareceu do dicionário a palavra bacanal, derivada de Baco. A moral vigente não os aceita, nem são visíveis, mas que os há....há.
Tudo depende da educação moral e sexual de cada um.
Penso no entanto que há uma relutância natural agora, em participar nesse tipo de orgias, a não ser em certos estratos sociais elevados, ou então muito degradados.
O ego de cada um, ainda é muito importante e, logo á partida, delimita as fronteiras, a maioria das vezes até inconscientemente.
Porque o homem e a mulher comum, o máximo que podem chegar é a uma relação extra – conjugal e , ou então á prostituição no caso do homem. Mulheres há que também....mas...será um grão de areia no oceano.
A promiscuidade das festas de Baco, seriam agora impensáveis. Refiro-me a pessoas comuns e não a tarados sexuais....o pior, é que quase todos temos uma tara que se for desenvolvida, nos pode levar á tal RAZÂO LOUCA – LOUCA RAZÂO.
A derivação sexual e há tantas, como por ex. a homosexualidade, será uma doença ou uma aberração do prazer, desenvolvida por uma tara qualquer?
O sexo, enquanto visto apenas como prazer, é uma faca de dois gumes e por aqui me fico em relação a esse aspecto.
É tão fácil e complexo este assunto!!!
.....em relação a Baco o deus do vinho...nós portugueses somos bons produtores, bons consumidores e, por conseguinte bons discípulos do Baco. Menos agora.... Ai a carta de condução...ai..ai.
As tascas ou tabernas tradicionais, estão em vias de extinção, mas criam-se alternativas mais sofisticadas, caso de discotecas e afins que não servindo vinho, servem no entanto outras bebidas mais fortes e mais prejudiciais que o vinho.
Segundo estatísticas recentes há um aumento de consumo de vinho nas camadas jovens talvez por ser a droga mais barata, mesmo assim é preocupante.
Nas camadas médias altas é de bom tom , sobretudo nas mulheres, beber um bom vinho de marca, o que implica conhecimentos de qualidade.
Nas classes baixas quem bebe é bebado, nas classes altas, são apenas apreciadores de qualidade.
Voltando a Baco e aos seus banquetes gastronómicos, abastados de gorduras e afins, eles eram felizes porque não sabiam o que era o colesterol...a tensão alta...etc. etc. e morriam de pança cheia...mas viveram.
Nos bacanais da luxuria ...eles nem sabiam o que era a Sida...
Todos eram obesos e luxuriosos e o que somos nós agora?
Um mar de tabuletas de inibições.
Não pode comer isto, porque....Não deve beber isto, porque....Não fume, porque...Não faça amor sem, porque...Não ria porque...não chore porque...Não esteja parado, porque...Não apanhe sol, porque...Não apanhe chuva, porque...Não faça isto, porque....Não faça aquilo, porque...Tenha cuidado...cuidado, muito cuidado senão....
As limitações de hoje são tantas, que se Dionísio viesse agora á Terra passar uma semana, de certeza que morria de fome, de sede e de abstinência.
A única diferença notável, talvez a mais notável, entre outras que são tantas, em relação a esses tempos, é sem dúvida a evolução da mulher.
A mulher que nesses tempos não passava de uma escrava e de um objecto sexual, luta agora pala sua emancipação e igualdade de direitos em todas as áreas da vida.
A grande maioria, tem por vantagem de não seguir Baco no aspecto gastronómico.
Ai a linha...ai beleza corporal a quanto obrigas!!!
delgado
Sou desenhador,pintor e poeta e, nas minhas poesias tento desenhar e pintar os meus pensamentos