(poema a seus 72 anos de idade)
Deixa-me abraçar-me a ti mãe
como quando eu me escondia
esperando a saída do trabalho,
num salto encher-te de beijos.
E embora não fosse novidade,
sempre um pulo a cada susto….
E depois felizes peito no peito,
sentíamos o bater do coração.
Não dum mas dois, mãe e filho,
que eram inseparáveis e muita,
muita era a beleza que os unia,
num respeito de sorriso largo…
E embora cansada do trabalho
e a roupa lavando na água fria,
soletravas para mim de somar
as contas, ensinando-me a ler.
Quando acabavam as aulas e a
a noite se aproximava a passos
lassos lá fora chovia a cântaros
à luz do candeeiro jantávamos.
Com o pai por fora trabalhando
sem luz e depois de arrumada a
cozinha deitávamo-nos os dois,
contando as coisas do dia-a-dia.
Até que adormecíamos no calor
um do outro, e, em sobressalto,
meus ouvidos colava a teu peito
para ouvir o teu coração bater…
Jorge Humberto
08/09/09