Poemas : 

imobilidade

 
aranha de cem patas
caminha no fio que tece,

amanhece
e eu sem teias.

vasculho no pó das gavetas
abertas,em desespero de causa
e agarram-me objectos de mofo,

apertam-me o pescoço
as vozes alheias.

corro pelo corredor em ecos,
os desenhos do chão
geométricos
ausentes de ideias.

escondo-me do medo
no armário dos brinquedos
de onde tirei
o meu irmão zangado
e na boca pintada
da minha mãe
uma qualquer ordem
me emudece.

há uma janela grande no quarto
em frente ao espelho.
equilibro-me no parapeito secreto
e acontece:

"aranha de cem patas
caminha no fio que tece.
anoitece e eu sem teias.":

escrevo libertando a razão das veias.
porque me enlouquece

esta #imobilidade#.


cruz mendes

 
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Alexis
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Enviado por Tópico
arfemo
Publicado: 09/09/2009 09:36  Atualizado: 09/09/2009 09:36
Colaborador
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 Re: imobilidade
Muito bonito este seu poema Alexis: há tb aqui uma "obsidiante memória"... Escreva sempre com esse vigor "libertando a razão das veias" que avenidas rasgadas se abrirão inesperadamente...

Bjns
arfemo


Enviado por Tópico
Caopoeta
Publicado: 09/09/2009 10:34  Atualizado: 09/09/2009 10:34
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 Re: imobilidade
..este escrito sugere-me um pesadelo, daqueles que, quando queremos acordar e nao conseguimos nem sequer nos mexer (imobilidade)..mesmo nossos gritos sao abafados pelo silencio que se faz sentir no espaço (quarto)..felizmente o tempo é curto e tudo mais nao passa do que um sonho,um sonho mau está certo ,mas um sonho.

beijo


Enviado por Tópico
poesiadeneno
Publicado: 09/09/2009 16:55  Atualizado: 09/09/2009 16:55
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 Re: imobilidade
Um poema/imagem, do qual destaco esta:"escondo o medo no armário dos brinquedos".

A aranha, na psicanálise dos sonhos,representa algo que nos impede de agir.Claro que a interpretação descontextualizada pode perder todo o seu significado.

Apreciei.


Beijo


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 09/09/2009 21:52  Atualizado: 09/09/2009 21:52
 Re: imobilidade
Alexis,
Viver as perguntas e revisitar memórias é percorrer um caminho que com o tempo se fará mais conhecido, e portanto, mais seguro.
Parabéns pelo poema.

Beijinho,

Paulo Galvão


Enviado por Tópico
Conceição Bernardino
Publicado: 10/09/2009 21:11  Atualizado: 10/09/2009 21:11
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 Re: imobilidade
Lendo o teu poema me lembrei-me do poeta Antonio Ramos Rosa, “E germinar no sono, germinar na árvore.”

abraço