Não sabendo onde me dirigir, para
alcançar determinado objectivo,
sem pudor algum interpelei um mendigo,
que ali por perto resolvera passar
sua tarde, sentado na pedra da calçada.
Respondeu-me entre dentes com um «não
sei». Agradeci e pedi licença e quando
acabara de virar costas, para tentar a sorte,
junto de outra pessoa, ouvi ao longe, como
num murmúrio – o vinte e um passa por lá,
sim senhor o vinte e um passa
pelo local pretendido, pelo senhor.
Prestando-lhe vénia mais um vez agradeci
sua prestação e o ter-me ajudado, enquanto
outros passando por mim, de clara
repugnância se faziam surdos e cegos ante
minha humilde presença.
Conclui que o «não sei» é apenas uma defesa,
inocente e sincronizada, contra uma sociedade
repressora e estigmatizada.
Vendo que lhe querem de sua ajuda seus
conhecimentos, em paz tornou-se (como
seria de prever) naquilo que é. Um Ser
Humano, igual a mim e a todos vós, que ledes
estes meus versos.
Um momento, um conceito
que virou eternidade nos vossos corações e
que de ora em diante passarão a tratar a
essa pessoa, como a uma de entre vós.
Mendigo não quer pena, tão só que respeitem
sua humanidade e infortúnio.
Jorge Humberto
07/09/09