PARA ALEXANDRE O'NEILL

no hábito de beber acho que tenho. e tivemos o ´vinícius de moraes como amigo comum. no talento fico a dever a este grande poeta português.pena que em portugal muitos o viam como louco e nem sempre lhe dispensaram o tratamento merecido.

carinho,

j.

Certamente três grandes poetas contemporaneos,
bjs Lu

se formos somar o número de garrafas consumidas, provavelmente eu vou levar vantagem, porque os dois já não estão mais por aqui e também não sei como funcionam essas coisas do outro lado. talvez deus, se ele houver, abra uma exceção a alguns poetas, que com certeza farão valer o direito adquirido.engraçado que ontem aqui me chamaram de bêbado, como se eu escondesse isto de alguém. se reparar a foto do meu avatar, você irá ver que não estou em nenhuma igreja, mas num bar e com um copo ao lado, com um líquido escuro que não é leite (leite é para boêmio em fim de carreira). na minha idade, não escondo mais nada.

j.

sabe-se lá o que acontece além do insondavel mistério....rsrs melhor é garantir por aqui mesmo, sem dúvida Deus que(certamente existe)já ficará garboso com a beleza das poesias etílicas..

beijo,beijo e boa noite poeta,

eu tô mais pro lado do inferno porque lá a farra parece ser boa. e como eu acho que o capeta é brasileiro, esta história de fogo é conversa fiada. depois esse negócio de harpa com camisola branca não combina comigo.

carinho,

j.

Bem se for um jardim perfumado, arpas,camisolas brancas, é tudo muito certinho...deve ser um tédio isso,deve ser mais interessante o outro lado rsrs

boa noite, agora vou ....rezar tb
bjs Lu

Eu confesso: não bebo, não tenho figado para isso...rs mas, bebe quem tem vontade e não sente nada da tal ressaca, pq bebe litros de agua...rs

* vc diz: "Eu bebo sim, estou vivendo...tem gente que nao bebe está morrendo" ih falhou a memoria do compositor.

xau, Lu

sempre assumi os meus vícios. e tem um detalhe: não bebo dentro de casa. só em bares e de preferência os mais sujos e vagabundos.

j.

sabe, camarada zarco, há muito rompi com a dita linguagem bem comportada.no começo, ficava em dúvida no uso do coloquial. fui duramente criticado por isso. um crítico mesmo de um jornal onde trabalhei escreveu que eu tinha perdido a seriedade e fazia agora uma poesia vulgar. no começo, fiquei chateado - afinal eu só quis e quero tirar a poesia dos gabinetes. hoje trato de "aprimorar" o coloquial. quanto o'neill, desde que tomei conhecimento de sua obra, através de vinícius de moraes, que era seu amigo, passou a figurar na lista dos meu poetas favoritos.

abração,

j.

sabe como é, meu amigo, a bebida é estado de espírito. há os que bebem e há os que são bebidos. maria quintana, entre as suas máximas, tem esta: "só se deve beber por gosto, nunca por desgosto." bebedores desgostosos ficam chatos e chorões. são, enfim, insuportáveis. eu não caço. não tenho coragem. tenho muito apego aos bichos. sei, no entanto, que a caça é um hábito europeu. meu avô, que era português, também caçava. jogo de cartas é com a minha: aos 80 anos ela ainda fecha o mesa de tranca. eu não tenho paciência para jogar, além de ser bastante distraído. só jogo mesmo no bicho - é uma espécie de loteria nossa aqui. é considerado contravenção penal. mas todo faz a sua aposta. quem vê, finge que não vê. e a polícia adora os bicheiros, que lhes pagam belas propinas semanais.

j.

meu bom amigo,

agradeço a dedicatória que você me envia. terá lugar neste meu coração, às vezes bandido. quanto ao velho o'neill, tomei conhecimento da poesia que fazia por intermédio de vinícius de moraes. os dois eram bastante amigos. o'neill organizou uma antologia poética de vinícius em portugal. como vinícius também bebia muito, acredito que um encontro entre os dois acabasse num poético esvaziar de garrafas. como diz um amigo meu contista: "o corpo pede (álcool), a alma agradece e diz amém." então vamos lá.

abrs,

j.

partilho o que tenho cá em casa...maduro tinto do douro.

"bora lá"

abraço

eu adoro vinho. mas no brasil somente de uns anos para cá as pessoas estão tomando gosto por esta bebida milenar, que vocês aí fazem tão bem. o brasileiro bebe mais cerveja e cachaça. o consumo de cerveja é muito alto. eu não gosto. até porque engorda. o vinho brasileiro não era lá muito confiável. mas hoje já estamos fabricando vinho para a exportação. tanto no rio grande do sul, que teve um espumante nosso eleito o melhor do mundo, como na miserável região do juquitinhoha - pasme. sim, é uma das regiões mais pobres do brasil. acontece que com um moderno sistema de irrigação artificial conseguiram plantar uvas no solo árido. as uvas são da melhor qualidade. passaram a fabricar um vinho, infelizmente caro para o poder aquisitivo do brasileiro, que é exportado para alguns países europeus, entre eles a dinamarca. este nosso vinho é que foi oferecido ao papa bento XVI quando esteve aqui no brasil. sabe como é esses caras não bebem qualquer coisa. mas aqui o hábito do vinho ainda é para poucos. até por causa do preço.

j.

olá doce menina,

acredito que o'neill fosse um homem de difícil convivência. até porque, embora muitas vezes se armasse da ironia, ele era um homem triste. dava-se bem com vinícius de moraes até porque não conheci nenhum ser humano que não gostasse do vinícius, talvez a única e triste exceção tenha sido o ex-presidente costa e silva, durante a ditadura militar, que exonerou o poeta de suas funções diplomáticas, sob alegação de alcoolismo, com este despacho: "Demita este vagabundo." doce menina, você sabe perfeitamente, porque sente na carne - os poetas pagam alto quando são verdadeiramente poetas. ontem aqui mesmo fui chamado de bêbado por uma fulana que faz meia dúzia de versos de péssima qualidade. como se isto me atingisse. faz-me lembrar uma frase do décio pignatari, um dos pais da poesia concreta no brasil: "Poesia é um modo de vida, não um meio de vida." tenho um medo louco de chegar a rato. caso eu sinta esta possibilidade, sou capaz de dar fim a tudo.

adoro você,

j.

pois bem,gladys, sabe que a minha prima sonia abreu foi a primeira mulher dj do brasil. ela e lucinha foram as responsáveis por uma terapia maluca que acabou recuperando o arnaldo, depois dele ter-se jogado do 6° andar da psiquiatria do hospital do servidor público em são paulo. hoje ele está casado com a lúcia e moram num sítio dela em juiz de fora, minas. ele tem algumas limitações. mas perto do que estava está excelente. a rita eu a conheci na vila mariana, ainda adolescente - ela é um pouco mais velha, pouca coisa. quando ela apareceu nos Mutantes, 1967, acompanhando gilberto gil no festival, ela ainda era menor. e precisava da autorização do pai para se apresentar. era uma gracinha. uma espécie de paixão coletiva da meninada. já era louquinha. parecia que os cabelos eram de fogo e o rosto cheio de sardas, que lhe davam um certo charme. éramos quase vizinhos de colégio - ela estudou no liceu pasteur (a versão francesa do colégio, porque há o brasileiro) e eu no arqudiocesano. o pai dela era dentista e norte-americano. isto já vai um tempo. quanto ao o'neill faz parte dos meus poetas preferidos. quem me aprentou a poesia dele foi vinícius de moraes - os dois eram bastante amigos, inclusive de copo.

carinho,

j.

Olha Júlio, do Arnaldo sei quase tudo... rss, porque sou fã incondicional desse gênio, que ao meu ver, quando fazia Os mutantes juntamente com Rita Lee e o Sérgio Dias, foram os precursores do roque brasileiro psicodélico e progressivo e, ainda, fizeram parte de forma efetiva do tropicalismo. Seus arranjos eram brilhantes. Recentemente saiu um documentário sobre sua vida que, inclusive, ganhou vários prêmios. Esse documetário é de arrepiar. Maravilhoso!
obrigada pelas informações.
abraço júlio!

em 1995, a editora 34, daqui de são paulo, publicou A Divina Comédia dos Mutantes, do carlos calado. é uma biografia dos três bastante interessante. o documentário eu não vi, mas ouvi falar muito bem dele. esqueço o nome do diretor, mas é jovem e tem alguma coisa importante, que agora não me lembro tb. o arnaldo sempre quando vem a são paulo com a lucinha fica na casa da minha prima. aliás minha prima e a lúcia foram presas uma vez, bem antes dela conhecer o arnaldo, por porte drogas. a coisa foi meio grave. e elas só não ficaram na cadeia porque na época a lei era mais branda. a quantidade do que apreenderam - cocaína, maconha e lsd - carceterizava tráfico.


j.

rss... acredito. Tempos loucos! mas de muita produção artística no Brasil!

hoje não tenho muito contato com a minha prima. mas fomos vizinhos durante muitos anos. uma coisa eu sei, não é de hoje: nunca convide a rita e a minha prima para o mesmo jantar. as duas se odeiam de morte.já foram amigas, mas não sei por qual razão brigaram. sei também, isto no tempo da vila mariana, que a rita foi sempre motivo de discórdia entre os dois irmãos. ela escolheu o arnaldo e preteriu o sérgio. ela foi a grande musa do arnaldo. foi talvez a época mais fértil dele. etla também compôs canções bem melhores do que as que faz hoje - 2001 com o tomzé, dom quixote, que leva a assinatura dos três, caminhante noturno e outras coisa menos melosas que as que faz hoje. eu preferia mais a fase do deboche.

j.

j.

maria ivone,

o grande o'neill é um dos meus poetas favoritos. pena que mesmo em portugal nunca lhe deram o devido valor. conheço muita gente, um inclusive editor português, meu amigo, que comenta mais as loucuras que ele fazia do que a altíssima poesia que nos deixou.

carinho,

j.

Neste País, é o habitual.
Trata-se mal os escritores, as pessoas com talento.
Sendo como é um País de "invejosos" normalmente dá-se algum relevo póstumo. principalmente depois desse talento ser reconhecido no estrangeiro.
Temos aqui uma pianista famosa Maria João Pires que renunciou à nacionalidade depois de ser maltratada neste País.
Enfim...

em 1950, quando o brasil perdeu o campeonato mundial para o uruguai, em pleno maracanã, nosso goleiro era um negro, barbosa. ele pagou até aos últimos dias de vida uma pena moral por ter supostamente falhado no gol que deu à vitória aos uruguaios. esqueceram que muitos políticos fizeram a festa antecipada e foram perturbar os atletas na concentração. tinham o título como certo. quando o apito final soou, o brasil todo foi um silêncio só, nunca visto em toda a nossa hirtória. as imagens estão gravadas. e sempre que jogamos contra o uruguai elas são mostradas. pois bem, a partir desse dia, o goleiro negro barbosa virou sinônimo de azar. só muitos anos depois o brasil veio a ter um goleiro negro na seleção, dida, que hoje joga na itália. num dos treinamentos da seleção de preparo para uma das copas mais recentes, barbosa, já velho e minado pelo alcoolismo, foi visitar a seleção na concentração. o treinador era zagalo, famoso por suas superstições. ele praticamente expulsou o velho atleta da granja comary, onde brasil estava concentrado, dizendo que ele dava azar. pode?

j.

Rssssss
A sério?
- Que coisa mais macabra e estranha!
As coisas que nós aprendemos contigo, Júlio!

é a minha geração. como volto no tempo, tenho de gostar. tenho muitas lembranças dessa épóca.

carinho,

j.

olá karla,

pois quem me apresentou a poesia do o'neill foi vinícius de moraes. os dois eram bastante amigos. fiquei fascinado. e hoje o'neill está entre os meus poetas favoritos. parar de beber, não. abstnência jamais. beber é tão bom.

beijo,

j.

juro que tentei ler o'neill de ponta cabeça, como nesta foto onde você me aparece linda. mas o'neill era um louco adorável, e lendo-o de ponta cabeça parece que o leio certo.

carinho,

j.

o'neill é uma das coisas mais lindas que conheci em poesia. pena que alguns o achassem tão louco. ele só teve a culpa de olhar adiante. e não fazer uma poesia careta. era primoroso. morreu só.

j.

dizer o quê de alexandre para alexandra? que ele era um louco adorável? para mim foi um dos maiores poetas que li, com uma visão aberta fantástica de modernidade. um homem quando está além do seu tempo paga caro. este alexandre pagou.

beijo,

j.