Minha linda,
Quando leres estas tão despretensiosas linhas, não saberei se é hoje, amanhã, ou, quem sabe seja ontem. Na verdade, essa simples questão temporal não me é importante. Não consigo raciocinar sobre a tênue linha. Vou daqui e ali, brincando com sono, rindo das noites e gracejando com os raios de sol que deságuam em minha face. Assim tem sido, desde o primeiro minuto, desde o último sopro de segundo. Simples.
Quando teus olhos resolverem escorregar por estes verbetes moleques, que aqui deixo contigo, meus olhos estarão tentando, inutilmente, reconstruir os teus suaves traços, o teu jeito doce, a tua palavra macia, a intensidade que eclode de tua alma e faz brilhar soberanamente em teu sorriso. Sorriso que me cativa, que encanta, que me prende. E assim, decodificando-te em detalhes, detalhes tão teus, amo-te ainda muito mais do que ontem, do que amanhã, do que todas as vezes em que puder te dizer isso.
Quando minhas palavras ganharem o carinho de tuas pupilas, terei francamente inveja delas. Desejarei intensamente tornar-me palavra, para morrer em tua boca, bebendo de teus lábios. Desejarei intensamente tornar-me vírgula, para sentir a tua respiração ritmada a minha. Mas, nunca, amor meu, desejarei tornar-me ponto, mesmo ponto e vírgula, pois não suportaria não ter mais a ti, não ter mais a ti em mim.
Quando te perderes em minhas linhas, saberás que o homem por trás delas não é nenhum letrado poeta, e, nem tão pouco ousaria ser. Mas, saberás que sou um aliterado feliz, porque, enfim, esta noite, posso dizer: eu amo você.
Simplesmente teu,
rody.
rody