Digo e desdigo o que digo sem ninguém mo dizer.
Nesta desdita não perco Norte nem Sul por aì o valor nada valer.
Reparo que as minhas palavras apenas existem no momento e para o momento.
Tudo o resto é apenas isso um resto, adição ou algo menos...mas nunca aquilo que já havia sido.
Neste brilhante jogo nada é o que parece e usar do juízo é pura ilusão.
Prefiro deixar escorrer bacoradas por mim a baixo na esperança que alguém me contradiga.
Os confrontos são menos que os desejados mas sempre saudados com sangue, suor e lágrimas.
Vivendo cada baforada de vida como se fosse a primeira ou a última esqueço que podia haver um sentido algures oculto debaixo dos meus sentidos.
Sigo livre do peso do meu passado pois só assim consigo ser autêntico a cada instante.
Oiço as vozes que me recordam aquilo que dizia ontem mas é apenas eco sem boca nem orelha.
Quando lhes digo que nada do que disse, digo ou direi terá qualquer valor arremelgam a vista confundidos.
Prefiro que o valor esteja apenas naquilo que É e não naquilo que foi, será ou poderia ter sido.
O presente também não tem qualquer valor pois se te deitaste a pensar nele assim ele se passou.
A matemática da vida esconde-se por debaixo de fórmulas insondáveis para nós de nada nos valendo meter a contas.
Por quanto tempo mais vou eu continuar a dar valor ao que vivo?
A necessidade estará em escrever ou em ser lido?
Somos o que somos ou somos o queremos ser?
Será a contemplação inimiga da acção?
Estas e outras, muitas, dúvidas me levam a escrever na ânsia de me conhecer melhor e talvez conhecer outros.