No jugulo de pássaros lançados vivos
à fogueira das verdades,
no degolo de mim em fúrias d’aguas
a escorrerem-se silvados na noite antecipada
do raiar das tardes,
engulo o orgulho
e déspota em causa própria mergulho na sede
ávida de um bem querer inútil.
No caminho enganoso que me engole,
na vereda imunda em que me afundo
Sem forma
Sem corpo
com a alma quase finda e já difusa,
não me distingo na dor infinita
de beijar vazios, salivas ascetas,
em lábios frios, azuis e mortos,
na boca cimentada em policromias de verbo.
Déspota, sussurro o crepuscular anseio
de ser janela aberta ao novo dia
E luz
E claridade
emancipada no capricho de um milagre
desenhado a escopo na pedra tumular
em órbitas vazias, com bicos de tojo.
De ser beberagem conluiada
em fragrância de punções,
bruxarias de sal e trigo roxo
no purgo de um tempo
Que me queima o ventre
Que me perverte o olhar
Que me respira balças e urtigas
nos calcanhares da vida …
E me jugula a fala
da alma sanguinária, que não se queda,
que se não cala,
face ao assassínio de pássaros paradisíacos
lançados vivos à fogueira das vaidades.
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