Poemas : 

31 DE MARÇO, 1974, DEZ ANOS DEPOIS DO GOLPE MILITAR NO BRASIL

 
hoje, 7 de setembro, data da nossa independência. para todos aqueles que não viram e não viveram a barbárie que foi a ditadura militar no brasil.e dedico também a todos aqueles e aquelas que desapareceram nos porões da ditadura e não puderam contar esta história. triste história.

Uma epígrafe:

"Ame-o ou deixe-o."

slogan imposto pela ditadura. melhor foi deixar, pra não morrer.


mas que me importa a roupa suja do poema
espalhada pelo chão do quarto de dormir?
se a minha vida está por um telefonema
basta - diz que eu não estou desisto de existir

agora esquece - se esconde em qualquer cinema
e caso a pipoca esteja dura de engolir
avisa que eu saí na banda de ipanema
tomei além da conta só pra me distrair

porém se a polícia bater na sua porta
ninguém nunca me viu nem ouviu falar de mim
não sabes baby como isto me desconforta

põe fogo nos livros dói mas tem de ser assim
chegou tarde tarde demais inês é morta
vou me embora correndo pra guajará-mirim

_________________

júlio


Júlio Saraiva

 
Autor
Julio Saraiva
 
Texto
Data
Leituras
1355
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
25 pontos
17
0
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
jaber
Publicado: 07/09/2009 09:04  Atualizado: 07/09/2009 09:04
Membro de honra
Usuário desde: 24/07/2008
Localidade: Braga
Mensagens: 2780
 Re: 31 DE MARÇO, 1974, DATA DO GOLPE MILITAR NO BRASIL
a liberdade é um bem precioso e só quem esteve privado dela lhe dá o valor devido. passamos nós também a longa noite da ditadura mas hoje há muita gente que se esquece disso e cessa a luta contra a maior falta de liberdade que é a pobreza e a fome. essa é a luta que devemos agora encetar, como digo num poema meu, faço liberdade, por ti todos os sacrificios, só não me pças para chorar a tua morte, antes lutarei pela tua ressurreição.

Abraço Julio, Viva a liberdade




Enviado por Tópico
arfemo
Publicado: 07/09/2009 09:44  Atualizado: 07/09/2009 09:44
Colaborador
Usuário desde: 19/04/2009
Localidade:
Mensagens: 4812
 Re: 31 DE MARÇO, 1974, DEZ ANOS DEPOIS DO GOLPE MILITAR ...
Caro companheiro Júlio Saraiva
Vivemos juntos (Portugal e Brasil) experiências dolorosas de ditaduras (e democracias frustrantes...) Seu poema faz-me lembrar esses tempos difíceis que pareciam não acabar mais, mas em que também muitas cumplicidades se estabeleceram e a arte se impregnava da realidade subjacente. Sobre o prazer de o ler - leitor compulsivo!

Abraço fraterno
arfemo


Enviado por Tópico
Ibernise
Publicado: 07/09/2009 09:54  Atualizado: 07/09/2009 09:54
Colaborador
Usuário desde: 04/10/2007
Localidade: Indiara(GO)
Mensagens: 1460
 Re: 31 DE MARÇO, 1974, DEZ ANOS DEPOIS DO GOLPE MILITAR ...
Olá Júlio Saraiva

Parabéns pelo conteúdo crítico em formato estrutural preciso, lembrando que uma pátria se ama e se respeita, por uma pátria se morre e se luta. Mas uma nação se constrói. O despertar para a consciência crítica pode ser o primeiro passo.
Concordo Júlio, que é necessário continuar lutando para acabar com os resquícios da Ditadura Militar, nos procedimentos políticos e nas relações entre os três poderes da república, resgatando a memória nacional centrada no verdadeiro conceito democrático pleno, a conquista e o exercício da liberdade.

Destaque:
'se a minha vida está por um telefonema
basta - diz que eu não estou desisto de existir'

Eu recomendo

Bjs

Ibernise


Enviado por Tópico
flavio silver
Publicado: 07/09/2009 11:02  Atualizado: 07/09/2009 11:02
Colaborador
Usuário desde: 24/09/2007
Localidade: barcelos
Mensagens: 1001
 Re: 31 DE MARÇO, 1974, DEZ ANOS DEPOIS DO GOLPE MILITAR ...
bom dia amigo julio
vim só para te dizer que me junto a essa parada.
viva a liberdade!
abraço


Enviado por Tópico
Vera Sousa Silva
Publicado: 07/09/2009 13:54  Atualizado: 07/09/2009 13:54
Membro de honra
Usuário desde: 04/10/2006
Localidade: Amadora
Mensagens: 4098
 Re: 31 DE MARÇO, 1974, DEZ ANOS DEPOIS DO GOLPE MILITAR ...
Júlio, nasci no ano da "revolução" aqui em Portugal e, como é evidente, o que sei é apenas do que leio (embora aqui em Portugal considero que se viva uma quase-ditadura em vários aspectos).
Mas ler um livro de história é uma coisa.... imaginamos, até ficamos chocados, etc... mas ler algo assim na 1ª pessoa, de alguém que viu, sentiu e viveu a ditadura, é bem diferente.
Viva a Liberdade. Em Portugal, no Brasil e no mundo. E que haja sempre coragem para lutar por ela.

Beijo


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/09/2009 15:36  Atualizado: 07/09/2009 15:48
 Re: 31 DE MARÇO, 1974, DEZ ANOS DEPOIS DO GOLPE MILITAR ...
Júlio,

Nunca é demais lembrar o peso da ditadura (para que assim melhor possamos dar valor à liberdade).
Nós cá em Portugal temos um movimento cívico, a propósito da ditadura em Portugal durante cerca de meio século, com o nome "Não apagues a memória", movimento importante, dado que até alguns que se dizem paladinos da liberdade, tantas vezes têm tiques ditatoriais.

DM


Enviado por Tópico
Punkita
Publicado: 08/09/2009 11:39  Atualizado: 08/09/2009 11:43
Da casa!
Usuário desde: 22/08/2009
Localidade:
Mensagens: 308
 Re: 31 DE MARÇO, 1974, DEZ ANOS DEPOIS DO GOLPE MILITAR ...
A ditadura não morreu, ela está no voto com a democracia-obrigatória, está na lavagem cerebral da mídia que empoe a moda, está nas intituladas “apologias” - golpe sistema para oprimir a liberdade de expressão, está em qualquer manifestaçãozinha que o povo faça onde “eles” sempre chamam a tropa de choque, isso é a ditadura escarrada!
Se todos nós voltássemos a lutar hoje, amanhã os uniformes camuflados estariam dando o tom das ruas. A ditadura não acabou! Nós é que não damos trabalho, estamos gordos e improdutivos felizes com os programas assistencialistas que nos dão comida, mas não dignidade.
Eu sou fã de Carlos Prestes, apaixonada pela história e inconformada de ter nascido na era-alienação, a minha juventude é a aquela que decora as músicas dos comerciais e aberturas de novelas hipócritas que tem sempre o mesmo final.
Pelo menos antigamente a galera tentava e lutava, a gente agora não faz nada!
Parabéns pelo seu poema e pela sua história!
Punkita