Percorrendo as escuras ruas alimentadas pelo ópio da sociedade ignorante, lá estavam elas, as putas, abandonadas às obstinadas garras dos nauseabundos prazeres que habitam o cerne dos chulos que as exploram sem dó nem pudor…
Parei nos corredores do tempo, sob as trevas dos umbrais envenenados, onde se forjam as afiadas línguas… Absorto no presságio da cruel profanação, libertei o suspiro no eco da revolta… ‘puta que pariu tudo isto!...’
Reparo nos solenes hipócritas que assistem impávidos e serenos à silenciada decapitação, escarrando deliberadamente sobre os despojos da sombra que outrora beijavam com avidez…
O dia alvorece, sob o espectro da conspurcada aurora… a manchete dos jornais propaga o ultimato da santa providência… ‘não haverá lugar para mais tolerância às putas que proliferam pelas nossas ruas…’
As beatas regozijam-se de contentamento, correndo para acender mais uma velinha, bendizendo a todos os santos por tamanha exímia limpeza!!!