VERSEJAR
Quarenta longos anos se passaram
Sem que me desse conta
De que poetas ainda havia.
No dealbar da velhice porém
Inusitada alquimia
Me faz redescobrir
Das palavras a ancestral harmonia.
Mas nem sempre é esta a que encontro
Às vezes a decepção me invade
Pergunto-me então confuso
Se está em mim a verdade
Ou se noutra onda está o justo uso
Acentuada vejo que foi a mudança
Que por vezes me deixa perplexo
Ficando a perguntar-me se há nexo
No jogo das palavras a nova dança.
Ousando assim caminhos de modernidade
Interrogando o meu pensar
Lá vou atamancando o meu versejar.
Chamem-lhe nomes tidos como actuais
Abstracções ou outros que tais
E em mim acorda
Estranha sede de regresso
À poetíssima forma
Dos velhos saudosos anais.
Antonius