Certo dia, à beira de um pelego, um darvesh, de espessa barba e cabelo, descansava sob o seu manto de palha. Este darvesh possuíra alto posto no governo de Abu'l Qâsim, mas desfazia-se dos frutuosos benefícios, e repousava com sua tâmara sobre o manto, quando indagado por uma amiga que recentemente conhecera:
"Por que, meu amigo, fazes assim?"
"Promessa..", calado respondeu. E à indagação que lhe aumentou nos bonitos olhos saltados, relatou:
"Quando nasci, eu era careca. Me assustei, as meninas iam me achar esquisito. Prometi então que, se nascesse cabelo, ia pensar livremente e livremente encarar o céu e a terra.. disse: pra o pobre que passar, darei metade do que tenho, perdoarei todos os culpados, nunca entristecerei ninguém.. e me esconderei para sorrir."
Ela, num soluço, riu: "Achas que seu cabelo ia cair, se não mais assim fizesse?"
"O cabelo não, mas temo pelo meu coração."