CARISMA
Enrolo a vida no pão que mastigo
Mas ninguém, nem Deus se existe
Me dará a fome por morte por castigo
Pois já é morte, a vida que me resiste
Devoro o pão da seara do tempo
Mato a sede na tempestade do nada
Comendo no pomar do sentimento
A revolta muda, da palavra calada
Migalha molhada na luta que travo
Palavras que digiro, mas não escrevo
Nem revelo num sorriso de desagravo
Pois a tal destemor, não me atrevo
No negrume da noite bebo o café
Que adoço, com saudades salgadas
Pois secaram as lágrimas,onde a fé
Eram nuvens alvas e açucaradas
No pardieiro dos meus sentimentos
Estão as células que já definham
Na vida, na dores e nos lamentos
Tempos que a memória desalinham
Na carcaça do meu corpo encurralado
O coração expulsa mágoas encerradas
Que sangram, como palavras dum fado
Tristezas e mil desditas mal saradas
No meu cérebro conduto o pensamento
Expulsando a vida na palavra sussurrada
Dou tempo ao tempo, até ao momento
Em que o tudo, se transforme em nada
Sentado á grande mesa do tempo
Espico a vida com o garfo tridente
E levo-o á boca, sorvendo o tempo
Onde mastigo a morte, lentamente
delgado
Sou desenhador,pintor e poeta e, nas minhas poesias tento desenhar e pintar os meus pensamentos