Fecho os olhos. Teu cheiro me invade as narinas, perturba o meu corpo e toma para ti todo o meu juízo. Sim, tu me conheces. E por saber assim, que assim posso ser, eu sorrio. Sinto teu sorriso também, queimando-me a fronte, abrilhantando os meus olhos, bebendo de cada palavra que rompe os meus lábios. Desconheço o que se passa, e, nem mesmo procuro entender. Quando os meus olhos se põem a acompanhar os teus, o meu peito se agita, grita surdamente aos ouvidos. E este calor que me ferve a razão, explode em meu corpo, ganha força e personificação na perfeição de teus lábios. Tão doces. Tão quentes. Tão suplicantes dos meus. E teus dedos delicados, embebidos ao vinho, contornam os meus lábios ressequidos, desejosos, sucumbentes por beijos teus. Passo a mão em um botão de rosa que tenho junto a mesa, e, desenvolve-me em carinhos pelo teu rosto, tão suaves como as pétalas que se desprendem a cada movimento sobre a tua pele. Tu te aproximas. Sinto-te intensa, envolta por uma áurea onde o desejo e a loucura não são a mim possíveis de se dissociarem. Tua respiração se apressa, a minha acompanha-te. Ignorantes a qualquer pergunta, os beijos se entregam a voluptuosa intensidade deste nosso amor.
Abro os olhos. Ainda estou aqui, mas tu não estás. Procuro-te por todos os cantos, mas tudo o que encontro são essas minhas sombras encandeadas pelas chamas do meu amor por ti. Sento-me a mesa, uma folha de papel em branco, umas poucas palavras que unidas compõem um soneto. E agora percebo que daqui tu nunca foste embora. Tu és a rosa. Eu sou o vinho. Juntos, somos a mais perfeita poesia.
rody