Ouve-me
Mas ouve-me com atenção
Não com a atenção que dás ao amor
Não com a atenção que dás à vida
Mas ouve-me com a atenção que dás à dor
Ouve-me com a atenção que dás à ferida
Mas não essa ferida que guardas no peito
Não essa ferida que te faz sofrer
Mas sim esta ferida, esta que já não tem jeito
Esta que me leva (sem pressa) a morrer
Mas não, não essa morte carnal
Não essa em que resta a lembrança
Mas sim esta morte sem igual
Da qual não restará nem a esperança
Por isso ouve-me
Ouve-me antes que seja tarde
Ouve-me como se eu fosse uma canção
Mas não essa canção de amizade
Que te adormece o coração
Ouve-me como uma canção que desperta
Que te recorda desta ferida aberta
Esta ferida que tu abriste
No dia em que de mim saíste.
Ouve-me:
-Adeus.