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Carta 26

 

Da biblioteca, folheando algum livro que já não me faz sentido algum.



Secret Passionné,

Por certo tu já viste o sol romper a aurora. Pois bem, é nesse dilúculo de cada dia que meus olhos choram por tua falta. Cada segundo sem ti, é um tormento a mais para um coração que sofre os males do afastamento. Não tenho cá, este comparado sorriso "La Joconde” que tu assim descreves. Tenho por certo, uma espantosa penumbra de cores opacas como aquelas destinadas às telas que retratam as cenas mais tristes. Não há medida para descrever as saudades que sinto. Aquele dia amour, ao receber tua carta, enfernizou-se de tormentos a minha alma. Senti-me o mais desprezível dos seres. Quando vi, ali, embaixo a porta aquele envelope, meu coração saltitou no peito, como faz repetidas vezes ao deparar-me com tuas cartas. Ao abrir, sinto o mesmo perfume, aconchego junto ao peito, e só então decorro meus olhos as tuas linhas, para então sorrir e gracejar alegremente pela casa. Só que dessa vez, meus olhos depararam-se com o que eu jamais imaginaria.

Tu revelas-me quem é, e, ainda diz que está de partida pra outras terras. Cada linha que li, foi como se um punhal atravessasse meu peito sem nenhuma pena. Um misto de incertezas invadiu-me, deixando-me sem saber, o porquê tu agiste daquela maneira. Quis por certo preservar-me, ou zombar de mim que tantas vezes fui alvo de falsos amores. Pensei tudo. Pensei que morreria. Ali mesmo no quarto, olhei o Jacarandá pela janela, estava ele frondoso, recoberto de pequenas gotículas da chuva que acabara de cair, comparei cada uma delas as minhas lágrimas que desciam pelo meu rosto, fazendo-me sentir na boca o gosto salgado da desilusão.

Odiei-te com todas as minhas forças. Gritei aos céus que tu desapareces da minha vida. Que fosse pra qualquer lugar longe de meus olhos. Joguei-me na cama, desesperada sem raciocinar direito. Foi então, que fechei os olhos, pensei em ti, pensei em nós e no que somos. Não consigo ser alguém sem ti. Lembrei-me de todas as palavras lidas por mim em tuas doces cartas, lembrei-me da biblioteca e de nós dois sendo um só. Isso jamais poderia ser mudado, mesmo assim, eu queria que tivesse sido.

Delineei então, o que imaginei ser a última carta, e nela, deixei claro a ti que o que me fizestes sentir, fora apenas um amor inventado. Senti uma repudia tamanha em saber que tu talvez brincasses comigo. Poucas palavras foram escritas, foi como se eu as pegassem com as mãos, as machucassem e as jogassem com força sobre a folha em branco. Eras tu, Pierre. Victorio Pierre, meu professor. Eu despercebida que sou, nunca imaginei que o mesmo perfume das cartas, seria o que te envolve. Pierre, tu serás eternamente Secret Passionné. Minhas reações desafortunadas, tão cheias de dúvidas sobre ti, caíram por terra. Perdoe-me amour... Perdoe-me. Não quero nunca mais que tais pensamentos duvidosos assombrem minha mente.

Quero apenas viver esse amor, mesmo que o tempo se arraste, mesmo que seja longa a espera, preciso de ti. Aquele dia, o da tua partida, saí às pressas, com a carta na mão. Juro-te, minha vida, eu nem sei como cheguei aquele aeroporto. Fui movida apenas pelo sentimento mais valioso, que tudo compreende, que tudo supera e que tudo esquece: o amor. O amor deu-me asas e forças para ir ter contigo na despedida. Uma única vez estive em teus braços, e agora, deveria eu despedir-me de ti novamente. Desolei-me, senti infinitamente a tristeza apoderar-se de mim.

Devias ter me dito Pierre! Devias ter me dito ser tu, Secret Passionné! Eu poderia quem sabe, fazer algo pra que tu não partisses. Mas, não quero eu ser egoísta, tu tens tua vida, deves alinhar-se ao que tanto gosta. Peço-te, portanto, que não te esqueças de mim. Não me é de valia agora, saber os motivos pelos quais tu te escondias. Eu o amo. Amo-te tanto, que estive no aeroporto, para dar-lhe um abraço e receber de ti aquele beijo. Pedi a ti que ficasse, num momento de mais puro desespero, sabendo que mesmo tu me pedindo que eu fosse já de nada adiantavas.

O esperarei por toda a vida se assim tiver que ser. Isso é apenas o princípio de uma longa e bonita história. Muitas linhas ainda serão escritas. Mesmo que sejam todas elas amarguradas de saudades por esse delongado tempo que tu estarás longe dos meus olhos, mas, tão presente em meu coração. Todo dia lembro-me daquela noite na biblioteca. Teu sorriso, teu cheiro, tuas mãos, teus delicados carinhos e os sussurros de tua voz, acompanham-me a cada momento. Não sei viver mais sem teu amor. Tu és vida em minhas veias.

Estou triste, isso não há como negar, mas meu amor é mais forte que tudo, maior que qualquer oceano e qualquer tempo que seja. Eu o esperarei sempre.





Eu te amo, mién Secret Passionné. Não te esqueças disso. Eu te amo.



Beijos eternos,



Jolie




Jey

 
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Jey
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