Imagina se a lua
deixar de pernoitar,
como seria ver a rua
sem a luz de um doce luar.
Vejo então a minha aldeia
sendo pintada pelo sol,
quem será que teve a ideia
de nascer e nos levar ao colo.
Vejo tantos olhares
conversas, e uma ou outra pegada,
uns meninos fugidos em sonhares
e que brincam na calçada.
Vejo-os e não esquecendo
continuo o caminho,
assim como escrevendo
um mundo em que não estou sozinho.
Imagina alguém dar mão
a um mendigo que pede a esmola,
ou um velho no jardim, na solidão
que apenas pede um olá.
Sento-me por vezes na varanda
vendo a vida seguir,
caminha, caminha, anda,
e que por vezes oiço sorrir.
Talvez serei um louco
que sonha na escrita,
ainda novo, já consigo o pouco
que escrevo em tantas palavras descritas.