Super Participativo
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Re: a propósito do zedaesqina:escuta, zé ninguém! de Wilh...
Não me admira que muita gente se sinta incomodada, neste lugar, com o aparecimento de escritos (não me atrevo sequer a chamar-lhes poemas) que põem em causa o status instituído. É um lugar em que, pela leitura de textos, se criam emoções nos leitores. Emoções agradáveis não só pelo conteúdo invocatório dos textos, como pelos comentários personalizados, que conferem aos utilizadores do Luso-Poemas a sensação agradável de conviver com amigos, fiéis amigos sempre prontos a elogiar, e sempre desejosos de uma retribuição. É um jogo pueril, que esconde a incapacidade de grande parte dos participantes de falarem da sua própria realidade, em ser pragmáticos suficiente para reconhecer que o mais importante para si é o que não foi dito, e que tudo não passa de uma masturbação intelectual que alivia momentaneamente o marasmo de algum aspecto da sua existência (sua do participante). Eu não me excluo. Qualquer poema que ponha em causa este status é uma ameaça ao brinquedo querido. É como se alguém quisesse partir o brinquedo, e amanhã não se pudesse brincar. E amanhã nos víssemos obrigados a encarar os problemas, as frustrações com que não sabemos lidar, sem ao menos pudermos recorrer do analgésico brinquedo. É por isso que o zédaesquina foi arvorado em inimigo público número um (dos últimos dias). Ninguém rebateu racionalmente os textos por ele escritos. Quase todos se limitaram a rotular o autor sem explicar porquê. Será que nenhum participante deste espaço viveu o desatino conjugal descrito no texto “Mulheres…”? da frustração do homem que se sente tratado como um objecto, como um criado? E esse homem quando atinge o limite das suas força e dá o grito da libertação não designa todas as mulheres semelhantes de galdérias? Até as designa de formas muito mais vernáculas, eu bem os oiço! Ninguém no Luso-Poemas, comparando o sexo aos 45, aos 50, com o sexo aos 20 que tinha com a sua amada (sem ironia, amada antes e amada agora) se confrontou com o desgaste do corpo e da rotina? E nunca lhe ocorreu comparar o sexo de agora com um acto de mútua masturbação? Parece que ninguém. É um espaço de sortudos, em que o Zédaesquina merece ser cruxificado, comparado com o Zé Ninguém de Wilhelm Reich, invocando as ideias de um Freudiano numa altura em que Freud morreu e já foi enterrado há tanto tempo! (as ideias de Freud, entenda-se). Fazia-lhe bem, Alexis, ler um pouco de Daniel Dennett, Richard Dawkins, António Damásio… mas se eles forem racionais de mais para si, leia as Carta a um Poeta, de Rainer Maria Rilke. Vai ver que muda de opinião.
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