ONTEM, MARIA DA PENHA...(*)

o mais triste, maria joão, é que há mulheres que se calam. apanham e não prestam queixa. ou quando prestam, vão à delegacia e retiram. felizmente, com essa lei, a queixa dada torna-se crime de ação pública e não pode ser retirada. já ouvi muitas mulheres, depois da violência dizerem: "ele bebeu um pouco e perdeu a cabeça. mas ele é bom pai." dizem isso com hematomas pelo corpo todo.

beijo,

j.

pois é, camarada edilson, foi preciso que uma mulher ficasse paraplégica, de tanto apanhar do marido, para que os legisladores se tocassem. conheci, em são paulo, um ex-secretário da segurança pública, hoje deputado, ocupando cargo alto na assembleia legislativa, em brasília, que inaugurou a primeira delegacia da mulher em são paulo. detalhe: na noite anterior, ele deu uma surra na mulher dele.

puta abraço,

j.

alexandra,

há alguns anos, de plantão no jornal, fui cobrir um assassinato. uma mulher, bastante pobre, mãe de quatro filhos, assassinou o marido e esquartejou o corpo, jogando os pedaços num córrego próximo ao barraco onde morava. pressionada pela polícia, ela nos conduziu até ao local onde estavam os pedaços do marido. a mulher ficou conhecida na imprensa sensacionalista como Maria Picadinho. ela disse, com frieza, que matava porcos na sua cidade - assim cortou o corpo do marido. quando foi levada a julgamento popular, ela foi absolvida. estava cansada de apanhar do marido que a ameaçava de morte, bem como aos filhos. para defender a vida dos filhos, a defesa conseguiu provar, ela assassinou o marido. o esquartejamento foi a forma que encontrou, no desespero, para se livrar do corpo. pior é o caso de um promotor de justiça, que assassinou a tiros a mulher grávida, inventou um assalto que não existiu. compareceu ao enterro e chorou. quando descobriram que ele era o assassino, porque suspeitava que não era pai da criança que a mulher esperava, fugiu. contou com o corporativismo dos colegas do ministério público. isto já faz alguns anos. até hoje não se sabe dele.

beijo,

j.

amigo arfemo, em resposta ao seu comentário, sempre lúcido e brilhante, gostaria de respondê-lo valendo-me de um poema do nosso carlos drummond de andrade.

O SÁTIRO

"Hildebrando insaciável comedor de galinha.

Não as comia propriamente - à mesa.
Possuía-as como se possuem
e se matam mulheres.
Era mansueto e escrevente de cartório."

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C.D.A

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j.

ps: mesmo a lei da maria da penha, a violência contra a mulher continua por aqui.

meu irmão poeta,

é triste uma mulher ter ficado paraplégica, numa cadeira de rodas, por causa das surras que levava do marido, para que os nossos legisladores, aqui do brasil, se tocassem e fizessem uma lei mais servera. mas não pense com isto que a violência diminuiu. aliás, em brasília, temos um péssimo exemplo. um ex-secretário da segurança pública de são paulo, hoje deputado federal, quando chefe da polícia, inaugurou a primeira delegacia de defesa da mulher em são paulo. com todas as pompas. detalhe, meu amigo: na noite anterior à inauguração, ele deu uma surra na própria mulher.

abração,

j.

Eu não penso Júlio, constato, olho em minha volta: esse tipo de imundices não é apanágio só do Brasil. Vivo no norte de França...
Quanto a levar um tiro por não ter documento, aqui não é crime, mas argumento eleitoral.

carlos, aqui acontece muito, mas as vítimas, no geral, são pessoas pobres. anteontem mesmo, um garoto rico, com BMW atropelou, matou e fugiu sem prestar socorro à vítima, no caso um rapaz humilde, de 22 anos, com a mulher grávida. a polícia chegou a este rico menino privilegiado. ele agrediu a socos os policiais, depois de desecatá-los e tentar tirar o revólver de um deles. foi levado à delegacia. mas não foi autuado em flagrante. mas indiciado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e desacato. pagou uma fiança, insignificante, arbitrada pela autoridade policial, e deverá responder em liberdade. detalhe: ele estava visivelmente embriagado.

abraços.

j.

o fato é triste. mais triste ainda é que foi preciso que maria da penha, numa das surras habituais que o marido lhe dava, acabasse numa cadeira de rodas, paraplégica, para que se criasse tal lei, punindo esses cafajestes que batem em mulheres. mas não pense que, por aqui, a violência contra vítimas indefesas diminuiu. aliás, há o caso de um promotor de justiça que assassinou a tiros a mulher grávida de oito meses. matou não só a mulher como a criança. ele desconfiava que o filho não era dele. faz alguns anos isso. mas ele está foragido até hoje. claro, contou também com o corporativismo de seus colegas do ministério público.

beijo,

j.