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O coleccionador

 
 
Entrou na primeira sala que viu
E parou.

Recebeu o frio imóvel,
Com um tremor sinistro
E o olhar congelado.

Trazia um ramo de flores
Num registo agudo
De todas as mulheres que amou,
Da roupa que deixou cair,
Da alma que deixou vestida.
Trazia a ausência de dores
E um grito mudo,
Um analgésico forte
À beira de abraçar a morte,
Caído entre entre estar de pé
E perder a fé na mulher que via.

Deixou cair o bouquet
Na vala comum da divisão,
Antes de comer o corpo
Desconhecido,
Primeiro com as mãos,
Depois com o prazer,
No fim com a faca.

Alguém gritava.
Só havia noite,
Um corpo caído
Depois de morto,
Uma vida por viver.

O homem saiu da cena
Do crime por cometer
Com uma puta entre as orelhas.

Deixou-a na vala
Com o ramo,
Com uma carta de amor,
Com um beijo terno na testa.

 
Autor
AntonioCarvalho
 
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Enviado por Tópico
Amora
Publicado: 01/09/2009 00:51  Atualizado: 01/09/2009 00:51
Colaborador
Usuário desde: 08/02/2008
Localidade: Brasil
Mensagens: 4705
 Re: O coleccionador
Venho procurando não perder nenhum envio seu, Antonio, porque sim, e esse está especialmente envolvente.
Algo de negro, mas muito pouco, antes parece ter mais de amor do que realmente diz, o poema.
Muito bom.
Um beijo
Amora