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Carta 22: Rencontre aux foncées

 
Na biblioteca, onde o amor se fez em toda a sua plenitude.

Faz algum tempo que cá estou às escuras, ma Jolie, ouvindo amiúde cada passo que ressoa da porta principal, desejando que o próximo ruflar seja o dos teus pés. Confesso a ti o quão esperei por esse momento, a semana foi deveras delongada, e, eu já não podia conter em meu peito a vontade que eu tinha de estar aqui. Percorri-a, esta biblioteca, incontáveis vezes, tentando refazer os teus possíveis passos em meio à escuridão, guiados a luz das velas e pelos acordes de nosso amor.

Dedilhei cada exemplar da estante que enamora os meus mais infindos desejos, como se estivesse tocando-te os lábios, guardando-me em carinhos que seriam, por fim, revelados a ti, ainda que por este instante, tu não me possas ver. A vida é cheia de incoerências, mas ainda que sobre um mosaico indefinível, esta noite eu serei teu e tu serás minha, e, esta será a certeza mais segura que terei em toda a minha vida.

[...]


Estou à porta, inquieta, ma Secret Passionné, tendo a lua como testemunha do quanto espero por este momento. Diversas vezes, recolho a mão à fechadura e sinto que estão frias, porém, meu peito arde em chamas, renovando o desejo de ver-te, dando-me forças para romper esta minha falta de coragem. E assim, ao abrir a porta, sigo o caminho iluminado a velas, e, desde já, o aroma das cartas inebria-me. É o teu perfume. Tira-me a paz e faz-me inteira de suspiros delongados. Estou aqui, perante toda essa mágica sensação de ser rondada por ti, espreitando-me e cuidando meus passos ao teu encontro.
[...]


A chama das velas que encandeiam esse lugar revela-me, ainda que sobre à penumbra, os harmônicos e poéticos contornos de teu corpo. Meu coração se apressa a um ritmo descompassado, meus lábios memoram a secura adolescente, minha respiração absorve-te por inteiro, ao passo que tu te aproximas de mim.

Tu ganhas o corredor de Quintana. Percebo a inquietude de tua alma, de teus passos faceiros. As cores do amor vestem a ti de forma única, inigualável, encantando os meus olhos, como se estivessem a brincar de gracejar com a ponta de teus cabelos sobre os meus lábios. Sorrio. Tu te sentas na cadeira disposta como eu lho disse que o faria. Ali, no meio do corredor, teu corpo repousa sobre a prometida cadeira. Coloca-te a mão sobre o teu colo e se dispõe a pacientemente a me esperar. Eu não tardo. Meu perfume torna-te ciente de que cá estou, atrás de ti. Mas, ainda me é pouco. Necessito aspirar um tanto de ti. Aproximo os meus lábios de teus ouvidos. Percebo, mesmo sem tocar, o tremor que percorre o teu corpo. Fecho os olhos, e, rogo-te, em sussurros e suspiros, que me acompanhe neste meu feito: “Fermez Le Yeux, Ma Jolie”.

[...]


Dividimos a mesma respiração, ofegante, contida, desejosa... Sinto um leve tecido que toca meu rosto e que tu tão delicadamente usas em mim como uma venda. Nesse instante, percorre em mim um arrepio que faz meu coração que já bate desconforme, acelerar-se num ritmo ainda mais frenético. O perfume que vem de ti, envolve-me em um fascínio que traz-me de volta a inquietude dos dias de infância.

Ouço agora, tua voz sussurrada, macia e envolvente, queimando-me como brasa infinita. Cada arrepio que percorre meu corpo fervilha-me sangue e deixa-me entregue totalmente há este instante só nosso. Tua voz rouba-me toda a razão, ouço em êxtase dizeres baixinho: Má sucré Jolie...Má sucré Jolie... Sinto agora tua mão na minha, segurando forte, fico de pé, frente a frente contigo, sinto o calor que emana de teu corpo e a perfumada essência de tua alma.

Sinto o toque dos teus dedos em meus lábios, pedindo que eu me aquiete. Tua mão suave no meu ombro segura-me e traz-me junto ao teu peito, encostada em ti, para juntos dividimos a mesma sensação delirante, intensa e única. Abraça-me como se fôssemos um só. Faz-me agora percorrer as linhas do teu rosto, identificando teu sorriso, tua graça e teu encanto. Estamos nós aqui, em cândidos suspiros, transbordados do desejo de um beijo. Sinto-o ainda mais próximo.

[...]


Estou diante de ti. Posso tocar-te com as pontas de meus dedos rudes, e, sinto o calor de tuas mãos. Tua respiração assopra-me os temores de outrora, e, me remete ainda mais a esta cadeia única que nos prende, que nos faz tão um do outro, como se nada mais importasse em todo mundo. Faço-te sentir-me de perto, ter-me contigo ainda que sob a escuridão imposta, tocar-me o rosto, a resvalar-me os dedos pelos meus lábios. Um sorriso colore a tua face, e, ilumina-me na escuridão. Teus lábios torneados, intrigantes, tão delicados hipnotizam-me por completo. Já não posso mais em meus mais íntimos sentidos do corpo, nem dos da mente.

Sinto o calor que eclode de tua boca e o frescor de teu hálito, embebendo-me numa áurea de loucuras, paixão e desejo. Desprendo-me da tua mão, e, coloco-me a fazer-te carinhos suaves e delicados sobre todo o teu semblante. Tu escondes os teus perolados olhos, em tuas preciosas pálpebras, como quem guarda o mais valioso tesouro de toda uma vida. Aproximo meu rosto do teu, continuo o trajeto de meus dedos sobre o teu angelical rosto.

Sinto o enrubescer de tuas faces, e, o descompasso de nossas respirações. O desejo e a loucura eram indissociáveis. A razão abandonara, por completo, a nós dois. Meus lábios se aproximam ainda mais dos teus, a percorrê-los sem qualquer sombra de pressa. O tempo escorre a nosso favor, e, as preces que chegam ao meu coração me fazem ter a certeza de que de tua boca quero provar. Beijo-te, delicadamente. Um tanto temeroso de que tu possas, em algum instante, rejeitar-me.

Mas, ao corresponder de nossas bocas, que se entregam sem pudor ou malícia, percebo que o medo fora de todo extinto, e, que era o nosso amor quem comandava naquele momento. E por aquele momento, eu desejei aos céus, com toda a fé que eu tinha em meu peito, que este beijo jamais se findasse.

[...]


Somos agora, somente nós. Não há outro sentimento mais doce, nem outra sensação tão perfeita quanto essa. Amo-te secret passionné, pois tu me fazes adormecer nas flores, leva-me aos caminhos do céu. Beijar-te é como contemplar toda a face do encantamento. A doçura do teu beijo aliada ao calor eminente de teu corpo, faz-me viajar por desconhecidos mundos.

Fecho os olhos e sinto toda a minha alma esvair-se por entre volúpias avassaladoras, desejos contidos, respiração ofegante e o estremecer de um corpo totalmente entregue. E em tuas mãos, sou criatura amada e desejada. Condiciono-me ao delírio desse nosso beijo, tão carregado de um fulgor incendido. Somos agora, os versos unidos à poesia perfeita.

Assim, juntos, tu, eu e as palavras, somos o que há de melhor no amor. Nesse nosso amor, secreto e furtivo que sucumbe ao devaneio de uma noite de horas contadas, porém vividas intensamente por cada segundo decorrido. E assim, nesse tempo só nosso, deixo-me entregue aos delírios de quem ama com loucura, pois é esta a razão do que sou agora, aqui, entre os livros e o toque de tuas mãos. Faz-me, como se faz um poeta entregue as palavras.

Eu te amo assim, com tuas mãos nas minhas, tuas palavras jogadas ao meu ouvido, que divagam por entre os alicerces do meu corpo, deixando-me cair junto a ti, como devota aos pés de um santo. O que me resta agora, a não ser morrer de amor? Esse desejo se arrasta desde a primeira carta que li. És tu, que tenho , não importa se não vejo a tua face, teu sorriso desenhado, faz-me crer que desejas a mim, mais do que tudo.. Estou aqui, secret passionné, entregue aos rubores dessa minha face, que lateja às vontades contidas em meu coração amante de ti.

Esse instante seduz-me, deixa-me liberta de qualquer medo, pois agora, tenho junto a mim quem tanto desejei. Das linhas que fiz-me ler e reler, para que de ti, me fizesse sentir o amor em todas as tuas cores, formas e sentidos. És tu, anjo, que envolve-me em tuas asas, aquecendo-me e fazendo-me conhecer o céu de onde vieste. Ama-me... Ama-me... offrir tout mon amour et mon ame!!!

[...]


Ah, ma Jolie! Ma Jolie. Como tu me entregas por tuas mãos às loucuras infindas do amor que sinto por ti!

Gostaria, nesse momento, de ser o mais tirano czar de todos os tempos, para que com os febris dedos, tomados voluptuosamente por este meu amor personificado em ti, pudesse outorgar que os ponteiros do relógio seguissem o ritmo dos séculos, e, não mais às batidas do meu coração.

Sou tomado por esta atmosfera que nos circunda, por toda a intensidade de minha alma quando me encontro, enfim, em teus braços, tão subjugado a existência desse nosso amor.O toque de tua mão rouba-me, sem piedade, qualquer vestígio de uma razão. Exponho-te o peito como nunca dantes havia sentido fazer. Recubro-te de beijos e carinhos delongados, aqui, tão secretamente guardados, para serem, por fim, revelados às nossas chamas ardentes que alardeiam a existência de um “nós” como um único ser sobre as faces desta terra.

Entrego-me. Sou teu e tu és minha. E nesse íntimo ressoar de palavras aos ouvidos – meus e teus - à cadência única dos tão somente corações que se amam e se pertencem, as horas se esvaem inexoravelmente, ao passo que meu peito se impacienteia diante a realidade de devolver ao mundo.

Sou o mais avaro dos homens, por não desejar repartir ao mundo, às graças desse lindo júbilo que retenho ao toque de minhas mãos. Quis gritar ao mundo, ajoelhar-me aos teus pés, em súplicas que a fizessem, que a implorasse ficar.

Quis roubar-te de todos, e, fugir ao mundo por nós construído. Mas, ao ressoar dos sinos da igreja da praça, um ínfimo fragmento da razão desgarrada retornou ao leito interior de minhas têmporas, e, tomado assim, por esse momento, antes que dele eu me arrependesse, conduzi-te até a porta bibliotecária principal.

Tu retiveste o passo. Parecia ler o que o meu peito suplicava. Desejavas ficar, mas, ao todo sabias que não podias. Tocaste-me mais uma vez o rosto, e, retiraste do meu sorriso tateado, as forças que não tinhas para seguir sem mim. Abraçaste-me forte e delongadamente, e, quando por fim te afastava-me o corpo, puxei-a mais uma vez a mim, e, desprendi-te mais um beijo.

[...]


Maldito é o tempo! Queria eu, poder contê-lo! Queria que não existisse lá fora um mundo, que agora rouba-me de ti. Amour..amour... É poesia o que vivemos. Simples e pura poesia.. Meu amor é um delírio. Já não há razão. Não posso deixar-te! Contenho-me, porém sei, secret passionné, que assim deve ser feito, mas imploro, que não seja somente esta noite!

Sigo contigo até a porta, tu seguras minha mão, queria eu, que esse caminho não fosse da saída e sim, o mesmo trajeto que levou-me ao paraíso esta noite, para que pudesse repetir-ser incontáveis vezes os momentos de outrora. Confesso amour, que sigo arrastada, pois daqui não consigo desvencilhar-me. Acalenta-me em teus braços por mais uns instantes e deixa-me levar o traço do teu sorriso e um beijo, para que eu possa seguir esperançosa de tê-los novamente... Ah! Como é torturante a despedida!

Ma Secret Passionné, por entre os beijos de agora, deixo-te e refaço minhas esperanças de poder tê-lo junto a mim novamente. Tu me fizeste sentir a glória, a felicidade em toda a plenitude e o amor da forma mais sublime que há. Despeço-,me, sem olhar-te nos olhos, pois agora mesmo sem as vendas que tu retiraste, não o vejo, pois as velas tu apagaste. Miro apenas teus contornos, e levo junto a mim cada um dos teus carinhos, tuas palavras e tuas juras de amor infinito.

E então, ouço o bater da porta e lanço-me pela noite fria, com passos contados. Um misto de sentimentos invadiu-me a alma, que agora recobra-me o corpo, para que eu possa seguir como a mais feliz das mulheres, pois, estive junto a mais perfeita tradução do que o amor.

Já carrego em meu peito a saudade, que a cada passo faz aumentar o desejo de sentir novamente teu corpo junto ao meu, como sendo um só. Olho a lua, que de testemunha, passa a ser cúmplice de todo esse meu júbilo de felicidade. Fecho os olhos, e mais uma vez realço teus lúbricos encantos, e tenho a certeza de que és tu amour, que amarei por toda vida.

Sempre tua,

Jolie

Do teu,

Secret Passionné,

Vic.[/color]


rody

Carta única escrita a 4 mãos por Jey e Rody, conjuntamente.

Boa leitura!
 
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rody
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Enviado por Tópico
VónyFerreira
Publicado: 30/08/2009 18:23  Atualizado: 30/08/2009 18:23
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Usuário desde: 14/05/2008
Localidade: Leiria
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 Re: Carta 22: Rencontre aux foncées
É muito interessante a intensidade
da sua escrita.
Muito... muito...