Do meu quarto, que agora se torna uma prisão pra mim.
Ma vie, mon ange,
Amour, minhas dores amenizam-se agora, pois tenho cá em minhas mãos o bálsamo que me cura. Sinto tua presença, tu estás aqui a sussurrar em meus ouvidos, sinto cada som invadindo-me a alma, fazendo-me respirar aliviada, sentindo o amor em toda sua plenitude. Passo noites em claro e vejo o romper de cada dia. São dores infinitas meu amor, que se misturam a saudades que sinto de ti. Meu peito está estraçalhado, minha alma sustentada apenas por tuas palavras. Eu morreria amour, morreria sem ti.
A necessidade de ti é tamanha, que já não acho razão nem sentido em nada, somente em viver esse amor, assim descrito nessas nossas cartas, onde uma a uma se completam. Aos passos lentos da minha dor, vou até o meu Jacarandá, que agora é o refúgio desse nosso segredo. Olho pela fenda esculpida e encontro tua carta, trago-a junto a minha boca, e num beijo sinto-o como se estivesses aqui, olhando-me. Dessa vez, algo me traz ainda mais perto de ti, é o perfume que dela exala. Esta carta tem um uma mistura de tudo o que é doce. Aproximo-a , sinto o cheiro, tão teu, isso invade-me com tamanha intensidade que meu suspiro profundo ultrapassa as dores que sinto no peito.
És teu cheiro... Não me é estranho este perfume! Será nos meus sonhos que já o senti? Serás tu alguém que está próximo a mim? Mon amour, faça-me tua. Não te preocupes, resolverei tudo, em breve estarei prontamente recuperada. Imploro-te novamente, não me prives de teus carinhos e do teu amor. Amor esse, que resgata-me das dores, dos lamentos, dos dias de tristeza que tanto consumiram esta alma, que antes fora intranqüila. Não me prives amor, desse teu sentimento.
Estou saudosa, porém não há em mim, a melancolia de antes. Meu mundo encheu-se de vida. Espero-te pela eternidade, se assim, tu quiseres. Rogo aos céus por ti, pois sem esse amor não existo. Se fosse antes, amor, e eu, assim, caísse adoecida, pediria a morte, como tantas vezes fiz, pois só assim esqueceria meus tormentos. Hoje, peço aos céus que prolongue meus dias, para que junto a ti eles sejam. Amo-te assim, porque minh’alma é sedenta desse amor. Esses dias serão pra mim terríveis. O meu corpo se debate em febres, e quando o sangue ardente corre nas artérias lembro-me de ti. Tu és a minha vida, és o último alívio neste mundo insano. Anjo da guarda que de minh’ alma cuida e traz-me a paz, o riso e as esperanças áureas.
Não te punas por não estar comigo, as prematuras dores de outrora, declinam todas diante do bálsamo que são estas tuas palavras. Deixes aqui, amor, nesse nosso esconderijo tuas palavras para que eu recupere-me e possa em breve sentir-te em meus braços. Essa luz que recebo, aqui, aos pés desta testemunha do nosso amor, é a vida que tanto te peço. Essa palpitante vida trajada em tuas linhas. Quebro o silêncio profundo do meu quarto, relendo tuas quartas que soam a mim como canções, nunca antes compostas. Trêmula e atenta releio cada uma delas, fazendo-me alcançar a vida e assim, refaço-me totalmente.
Deixes amor, o que é tão nosso, aqui, para que eu possa nestes dias de agonia respirar aliviada, pois sei que teu amor, somente o teu amor, recupera-me de tudo. Aguardo como nunca notícias tuas, meu anjo do céu.
Je t'aime, que vous, et l'amour toujours
Baisers
Jolie
Jey