Sou acusado
de levar teu olhar,
de levar as chaves
e sem pedir, entrar.
Abro a porta
e vejo-te num passo
a dançar, um pouco torta,
ao som do mundo escasso.
Num silêncio
que nos enaltece,
atravesso o rio
e toda a teia que nos tece.
Teia e ideia
que me embarga o sentir,
a incerteza leva-me a cair na areia
e em poesias me suprimir.
Sinto-me na cumplicidade
de um crime,
que não cometi, de verdade,
mas em mim, se imprime.