Se é pra morrer
que eu morra ontem,
pois hoje, antes do sol se por,
vou rever o meu amor
pra banir toda saudade!
Se é pra chorar
que eu chore ontem,
pois hoje, em fogo, sorriso brotou
e meus lábios, que ninguém tocou,
há de arder em felicidade!
Se é pra chorar
que eu chore ontem,
pois hoje, meus olhos distantes, vazios
hão de resgatar toda emoção
que a mágoa, silenciosa, consumia
em tragos de satisfação!
Se é pra sonhar
que eu sonhe ontem,
pois o hoje, realidade me despertou
e crendo, vou desfazer
os laços de agonia, que falsa,
A vida a mim profetizou!
Se é pra esquecer,
que eu esqueça ontem,
posto que, o hoje, é.
E sendo hoje, tudo que importa,
Já não há mais saudade a porta!
Se é pra fugir
que eu fuja ontem,
pois, ainda que o largo muro do tempo desabe,
Em nós, amor,
Só o futuro cabe!
Marisa Rosa Cabral.
Falar de mim? O quê?
Sou tempestade em copo d'água... Besta feito uma égua que não se curva e não se dobra, mas, se tu me cobra, eu digo: Sou chuvarada de verão, deserto quanto sertão e ainda ando só, sozinho... Remoendo as mágoas que ninguém ouve e...