Não me perguntes o porquê da luz
Se nunca viste as árvores de crescer
Se nunca sentiste a sombra de seres folha
Na aparente descrição de um corpo quieto
Não me perguntes por onde correm os rios
Secos de artérias
Se nunca escorregáste pela encosta do pensamento
E desmanchaste a esquina do teu orgulho
Não me perguntes o porquê da luz
Que se perpetua ao longo dos montes
Das vinhas
E dos carreiros que a vida tece
Independente da estrada
De alcatrão ressequido
Que o Homem fecunda
No pecado de não saber estar vivo!
Manuela Fonseca