voltou sob a sombra da varanda
nos degraus de criança ligeira
onde brincava ainda menino
morreu o menino
morto o menino ia
por quintas e quintais
ia o menino
ia
um dia voltou e fez ermos os dias
olhou os outros meninos pela janela
a esperar que a chuva passasse
enquanto o menino morto
ia sem nenhum disfarçe
pobre menino morto
não sabe que morreu
viveu pouco
pobre menino morto
agora que sua carne expele churume na terra dos
mortais
pede apenas que o levem
para cruzar os férreos umbrais
pobre menino morto
não sabe porque esta triste
não sabe que esta morto
não vê o seu rosto
nem o de sua desgraçada mâe e seus sulcos lodosos
de rugas imóveis
de choro cancerígeno
chorou de dor
resquícios do passado
agora no presente
o espirito deste antepassado
pobre menino morto
veio ao mundo dos vivos pedir uma prece
a mãe obedece
oferece aos santos flores ,figas
cristos endemoniados
pede que ele seja liberto
seja por deus
seja pelo diabo
foi-se o menino morto
depois de tudo
de velórios sagrados
foi-se o menino morto
cruzar os umbrais do passado