Este é um abraço que é como fazer amor, nada perde em intimidade ou profundidade, a excelência da união e da partilha é a mesma, a única diferença é que no abraço não se olha nos olhos do outro, por isso os mais sinceros abraços são dados às escuras, olhos cerrados e persianas corridas, o mundo inteiro desligado, apenas o outro se sente, o outro que é o mesmo, é neste abraço que a ideia do outro cai na terra e se faz semente de um segredo sussurrado aos ouvidos do coração, um segredo que diz Não existe Outro, e este é o verdadeiro abraço, que é o único amor, o próprio acto de penetração física do ventre, a execução do amor, deverá ser como aquele abraço, mas de olhos abertos, essa é a doçura particular desta outra partilha, beber do amado com os cinco sentidos, olhos bem despertos e pousados no rosto que amamos, mas com a certeza de que o olhar do amado é apenas o outro lado do nosso próprio olhar.
Não precisas de responder às tuas questões. Precisas é de questionar as tuas respostas.