Por mais palavras
que escrevo
e que aqui se sentem já gastas,
é tudo tão pouco,
e tão louco
talvez,
pois a inspiração que me preenche
e as vidas enche,
nascem de mim
como que sem fim,
sinto-me mais que perdido
e de tudo fugido...
sinto a vida cair-me em cima
e levanto-me em cada rima,
que construo
e me fala
como quem não cala,
o cão da vizinha
que ladra bem alto
acordando-me em sobresalto,
és a mentira mais doce
que me toca, e me foge,
não sei de onde vem
esta poesia, talvez de outro alguém
que não sou eu,
sinto ao escrever
que todas as palavras
são faladas em mim, e não consigo esquecer...
por mais que tente,
tenho que desabafar,
talvez para ti, menina diferente,
um dia possa ler, e acreditar
que o anjo teu,
sou eu.