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O Sábio

 
O Sábio
 
O caminho é muito difícil de percorrer. Apesar das dificuldades, a lama torna ainda mais penosa a caminhada até ao alto da Serra. Orlando está disposto a passar por todos os obstáculos que lhe surjam pela frente. Tem de encontrar o esconderijo do velho sábio Olímpio, para tentar curar a sua irmã Leonor.

A irmã desde que nasceu,nunca consegui movimentar uma das pernas. Sofrera paralisia e por esse motivo, tem sido uma criança muito infeliz. Na escola, não pode entrar nas brincadeiras com as outras crianças e quase sempre, os colegas rejeitam a sua amizade.

Leonor passa o tempo do recreio, sentada num banco de madeira, observando outras crianças nas suas brincadeiras e correrias.
Apesar de tudo, Leonor é uma criança muito bonita e inteligente. Na sala de aula é uma aluna brilhante o que sempre deixa os seus colegas com alguma ponta de inveja.

Está muito próximo de fazer anos. O irmão decidiu então dar a Leonor um presente muito especial. Um remédio para acabar com o desgosto que a rapariga tinha adquirido à nascença. O Sábio da Serra é curandeiro e poucos acreditavam na medicina tradicional,o que leva os aldeões com poucos recursos,a recorrerem a estas pessoas, para procurarem soluções para os seus males.

Faltavam duas semanas para a rapariga completar as suas nove primaveras. Orlando é mais velho e tem dezassete anos de idade. Seus pais faleceram num brutal acidente,uns meses depois de Leonor nascer e ambos agora,só se têm um ao outro.

O Sábio quando viu o moço chegar cumprimentou-o e convidou-o a partilhar com ele, uma pequena refeição,acompanhada com água pura e cristalina de uma nascente, que passa ali muito próxima.

Orlando não perdeu tempo e logo foi explicando o que o trouxera àquele local de difícil acesso.
O velho curandeiro compreendeu o que Orlando lhe contara. Estava um tanto surpreendido pela dedicação do rapaz para com a irmã.


- Lamento jovem rapaz,mas não tenho aqui aquilo que procuras. – Respondeu o homem

Orlando ficou muito desapontado e infeliz em ouvir as palavras do sábio. Sempre tinha alguma esperança antes de ouvir aquelas palavras em poder ajudar a sua querida irmã.


- Mas, não esmoreças rapaz! a tua irmã com o tempo irá um dia destes andar. Ouvindo isto, o rapaz despediu-se do curandeiro.

Este perante a tristeza do moço,disse para ele esperar um pouco. Foi então que abriu a porta de um casão e chamou pelo nome de alguém.

Surgiu então junto deles, um lindo e vistoso potro de cor castanha e branca.

Leva este meu presente e oferece a tua irmã como prova da minha gratidão e nunca percas essa tua vontade de fazer bem que tens dentro do teu coração.

E assim foi, Orlando agradeceu a oferta e despediu-se daquele homem de cabelo grisalho e coração nobre.

Chegado à sua aldeia foi recebido por algumas pessoas que se aperceberam que o rapaz não trazia nada com ele senão aquele potro bonito castanho e branco. Foi a sua irmã Leonor a primeira a saudar o irmão com muita força e agarrou-se a ele com mais força ainda.

Era dia do seu aniversário e o irmão não tinha o tão desejado remédio que se comprometera a arranjar.

Mas tinha aquele lindíssimo potro que o sábio lhe tivera dado para oferecer a Leonor.
A pequena quando soube que era seu,ficou tão feliz,que acabou por se esquecer que era paraplégica e saltou de imediato para o dorso do animal,como se antes, nada tivesse.O irmão ao ver a coragem de Leonor,não conseguiu contar as suas lágrimas de alegria.

Afinal o sábio Olímpio estava certo:
Leonor sempre iria poder partilhar e sonhar, como as outras crianças.

(dedico este meu conto a todos aqueles que estão numa cadeira de rodas ou em situação idêntica, apelando para que nunca desistam dos seus sonhos)

Gabriel Reis

 
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