Minto a mim mesma
ao dizer
que não reconheço tua voz
nem a cor de teus olhos
Que as palavras antes ditas
se foram, espalhadas ao vento
Que teu sorriso perdeu-se
por ai
Esses anos de intenso amor
eram quimeras
Sonhos
que as manhãs dissipavam...
Minto a ti
ao dizer que nem sei mais o teu nome
Outros nomes ocuparam-me a mente
Mergulhei em outros olhos claros
e naufraguei em outras bocas
E que rasguei teus retratos,
apaguei teus escritos
para não pensar mais...
E pouco me importa
que te role uma lágrima
pois não chorarei
mais por ti
Minto a ti
Que a paixão era
uma fantasia
Só queria provar a mim mesma
que podia ter-te
como um brinquedo novo
até que viesse
o próximo Natal...
Depois
te colocaria numa caixa
junto a tantos outros
para doá-los
a quem nunca teve
um brinquedo
Minto-me
que sou feliz
E rio de mim mesma
como uma hiena
faminta...
Não há mais verdades...
Menina do Rio